Frases Filosóficas

Quem quer constituir família procura casa e emprego e não os encontra. Os que trabalharam toda uma vida veem-se, no fim dela, condenados a morrer à míngua.

O valor essencial da liberdade sem a igualdade torna-se aristocrático privilégio de uns quantos.

Não há futuro económico e social possível quando o problema principal não é o excesso de consumo privado, com o que nos querem convencer, mas o excesso de consumo público, a monstruosidade das despesas públicas.

Hoje vivemos na sequência de uma revolução conseguida sem sangue, que nos abriu caminhos de liberdade. Para que os possamos percorrer é indispensável o respeito absoluto das liberdades públicas e dos direitos cívicos, que vamos vendo infelizmente postos em causa.

O homem de bom senso jamais cometerá uma loucura de pouca importância.

Se muitos casais perdem o desejo ao fim de alguns anos, é porque o mistério desapareceu. Se outros tantos o mantêm latejante ao fim de várias décadas, é porque encontraram uma forma de reinventar o mistério. Feitas as contas, tem de haver sempre alguma espontaneidade – até alguma pressa, alguma urgência.

Quando tenho um minuto faço como o Mário Soares: vou ver galerias de pintura.

Somos um partido de esquerda não marxista e continuaremos a sê-lo.

A democracia aprende-se pelo exercício e constrói-se por meios democráticos. O exercício da democracia significa, aqui e agora: audiência ao Povo, iniciativa popular, participação institucionalizada de todos na criação das condições estruturais da sua implantação.

Todos os dias me rio um bocado. Se o humor é uma visão do mundo, mais do que um estado de espírito, então é isso que eu quero ter: uma visão do mundo. E rio-me. Rio-me das idiossincrasias de um empregado de café e da mímica de um palhaço na televisão. Rio-me de uma história plena de agudeza ou apenas de uma torneira que pinga. Rio-me – rio-me muito.

“Dizia D. H. Lawrence que a pornografia é “”a tentativa de insultar o sexo”” – e eu não estou de acordo. A pornografia é, antes, a aceitação da desesperança sem cair no desespero, atitude que sobre todas as outras me parece adequada aos tempos.”

Portugal precisa de apoio internacional generalizado e merece-o. Esse apoio, venha de onde vier, tem de respeitar a nossa independência e uma rigorosa não ingerência nos nossos assuntos.

Um bigode é muito mais do que uma pilosidade: é uma metafísica. Vem acompanhado de conversas sobre a necessidade de estudar para ser alguém na vida, a utilidade de amortizar o crédito à habitação, a urgência de substituir as velas do carro, a saudade de quando o fado era o fado, a rádio era a rádio e a Amália Rodrigues cantava o fado na rádio, tanto na Emissora Nacional como na Voz de Lisboa.

“Mulher solteira e feliz é uma contradição de termos tão grande como “”homem solteiro e feliz””. Chamem-me nomes, se quiserem – até este dia em que vos escrevo, não encontrei um só caso que contradissesse essa ideia, por muito que homens e mulheres solteiros me rodeassem de manifestações de autoconfiança, verdades absolutas sobre o conhecimento interior e provas iniludíveis da mais autêntica e inabalável felicidade a um.”

Se há uma coisa comum a qualquer ser humano, é o impulso de sobrepor-se ao ser humano em frente, quer seja opondo-lhe o pé no pescoço, quer seja passando-lhe a mão na cabeça.

Eu presto mais respeito a quem escreve um livro, qualquer que ele seja, do que a quem de repente se julga importante por não fazer absolutamente nada.

Um casamento pode sobreviver a um homem infiel e pode sobreviver a uma mulher infiel também. Um casamento são duas pessoas que estão juntas – e, felizmente, as razões por que as pessoas estão juntas não se reduzem ao sentimento.

Um homem pode ser infiel à sua mulher e, no entanto, amá-la eterna e incondicionalmente. Uma mulher infiel simplesmente já não ama o seu marido.

O problema resulta estrutural para a música popular portuguesa contemporânea: as letras são hoje meros alinhamentos métricos para preencher os espaços sonoros vazios. É carregar pela boca – e, para quem é, bacalhau basta.

A vida já é um buraco de agulha tão estreitinho, e as suas obrigações, camelos tão gordos e abastecidos, que passar três quartos do ano a magicar numa distinção maniqueísta entre mulheres decentes e galderias perniciosas, entre cãezinhos de rua e príncipes encantados, é matemática tão intricada como a dos fanatismos religiosos, políticos ou mesmo lobísticos: passamos uma vida inteira a identificar bons e maus – e, quando finalmente percebemos a soma zero do problema, já estamos com a pele encarquilhada e a tomar comprimidos para a tensão arterial.

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