Frases Filosóficas

Ter de suportar e de ser a causa de tanto sofrimento!

Não descubro em mim nada a não ser mesquinhez, indecisão, inveja e ódio contra os que estão a lutar e a quem eu apaixonadamente desejo todo o mal.

Tenho de parar, sem que na verdade me sacudam. Nem sequer sinto o perigo de me perder, e, no entanto, sinto-me tão desamparado como quem está de fora. Mas a firmeza que a mais insignificante escrita me proporciona está para além da dúvida e é maravilhosa. A visão compreensiva que tive de tudo durante o meu passeio de ontem!

Donde esta confiança súbita? Se ao menos ela ficasse! Se eu pudesse entrar e sair em cada porta assim, uma pessoa razoavelmente ereta. Só que não sei se quero.

A observação de ontem. A situação que mais se coaduna comigo: ouvir a conversa de duas pessoas que estão a discutir um assunto que as toca profundamente enquanto eu tenho apenas um interesse muito remoto no assunto, que além disso é completamente altruísta.

Pela primeira vez durante bastante tempo um falhanço completo em escrever. Sensação desagradável de um homem sujeito a exame.

Desejo de um sono mais profundo que dissolva mais. A necessidade metafísica é uma necessidade em direcção à morte.

As vantagens íntimas de as obras literárias medíocres derivam do facto de que os seus autores ainda estão vivos e presentes por detrás delas. A verdadeira sensação de envelhecer.

O buraco que o trabalho de génio queimou à nossa volta é um bom lugar para colocar a nossa pequenina luz. Assim a inspiração que emana do génio, a inspiração universal que não nos leva só a imitar.

A imagem do descontentamento que uma rua exprime, na qual toda a gente está a levantar um pé, numa tentativa para se escapar do lugar em que se encontra.

Nunca se casaria com uma rapariga com quem tivesse vivido na mesma cidade durante um ano.

O mundo horrível que tenho dentro da minha cabeça. Mas como libertar-me e libertá-lo sem me despedaçar. E mil vezes ser despedaçado do que retê-lo em mim ou enterrá-lo. É para isso, de facto, que eu estou aqui, isso é claro para mim.

O coito como castigo pela felicidade de estar junto. Viver tão asceticamente quanto possível, mais asceticamente do que um celibatário, esta é a única maneira possível que encontro para aguentar o casamento. Mas ela?

Quando digo alguma coisa, isso perde imediatamente e totalmente a importância, quando escrevo, também a perde, mas por vezes ganha uma nova importância.

Mesmo que não se tenha a menor sensibilidade às diferenças individuais, a pessoa contudo trata os outros com a sua maneira própria.

Vou afastar-me de toda a gente até ao ponto de perder a consciência. Fazer de todos um inimigo, não falar com ninguém.

Viver na selva. Com ciúmes da felicidade e da eterna pujança da natureza cuja força ativa, como a minha, é, no entanto, a necessidade, se bem que satisfazendo sempre as exigências que o adversário decreta. E tão facilmente, tão musicalmente.

Frio e vazio. Só sinto demasiado os limites das minhas capacidades, limites estreitos, sem dúvida, a não ser que eu esteja inspirado à plenitude. E creio que até quando preso pela imaginação, só sou levado dentro destes limites estreitos, que, no entanto, deixo de sentir porque estou a ser levado. Porém, dentro destes limites há muito espaço para viver, e por essa razão eu vou provavelmente explorá-los até ao desprezo.

Chama-se conversa se a outra pessoa está silenciosa e, para ajudar a parecer uma conversa, a outra tenta substitui-la e por isso imitá-la e por isso parodiá-la e assim parodiar-se a si próprio?

O trabalho chega ao seu termo tal como uma ferida ainda aberta se pode fechar.

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