O verdadeiro desespero é ficar no apeadeiro da sua atual condição. O desespero é saber que esse destino a que chamamos de futuro é comandado por entidades que deixaram de olhar para nós como seres humanos. E que um fosso progressivamente maior separa os que andam nos chapas dos que circulam em luxuosas viaturas.
Frases Filosóficas
Muitas vezes nos queixamos de que os jovens de hoje vivem uma cultura de imitação. Mas os jovens de ontem também o fizeram. E isso sucede em todo o mundo, em todos os tempos.
Esquecer os deveres básicos de solidariedade é uma violência, uma cobardia escondida em nome do bom-senso.
Esquecemos que todos os povos do mundo são pacíficos, à partida. Os povos não são um produto genético, imutável. São produto da História. E a História pode facilmente converter os desejos de Paz em violência pessoal e social.
Queixamo-nos de que as pessoas não leem livros. Mas o déficit de leitura é muito mais geral. Não sabemos ler o mundo, não lemos os outros.
Não vê os rios que nunca enchem o mar? A vida de cada um também é assim: está sempre toda por viver.
A morte é uma brevíssima varanda. Dali se espreita o tempo como a águia se debruça no penhasco – em volta todo o espaço se pode converter em esplêndida voação.
Eu me abria e confessava antigas lembranças ao estrangeiro. Vantagem de um estranho é que confiamos essa mentira de termos uma só alma.
Vocês, homens, vêm para casa. Nós somos a casa.
Uns sabem e não acreditam. Esses não chegam nunca a ver. Outros não sabem e acreditam. Esses não veem mais que um cego.
A guerra nunca partiu, filho. As guerras são como as estações do ano: ficam suspensas, a amadurecer no ódio da gente miúda.
Se temos voz é para vazar sentimento. Contudo, sentimento demasiado nos rouba a voz.
Não será que deveríamos cuidar melhor da vida das massas? Porque a verdade é que o caracol nunca deita fora a sua concha. O povo é a concha que nos abriga. Mas pode, repente mente, tornar-se no fogo que nos vai queimar.
Cada coisa tem direito a ser uma palavra. Cada palavra tem o dever de não ser nenhuma coisa.
A lágrima nos universa, nela regressamos ao primeiro início. Aquela gotinha é, em nós, o umbigo do mundo. A lágrima plagia o oceano.
Os europeus, quando caminham, parecem pedir licença ao mundo. Pisam o chão com delicadeza, mas, estranhamente, produzem muito barulho.
O que não pode florir no momento certo acaba explodindo depois.
Quanto mais um lugar é pequenito, maior o tamanho da obediência.
O respirar dos adormecidos é um ruído que inquieta. Como se neles soasse uma outra alma.
Quem constrói a casa não é quem a ergueu, mas quem nela mora.