Frases Filosóficas

Diz a mãe: a vida faz-se como uma corda. É preciso trançá-la até não distinguirmos os fios dos dedos.

O homem sem mulher, sem filho, é como quem não tem espelho.

Há perguntas que não podem ser dirigidas às pessoas, mas à vida. Pergunte à vida, senhor. Mas não a este lado da vida. Porque a vida não acaba do lado dos vivos. Vai para além, para o lado dos falecidos.

A estrada é uma espada. A sua lâmina rasga o corpo da terra. Não tarda que a nossa nação seja um emaranhado de cicatrizes, um mapa feito de tantos golpes que nos orgulharemos mais das feridas que do intacto corpo que ainda conseguimos salvar.

A urina de um homem sempre cai perto dele.

Quem voa depois da morte? É a folha da árvore.

Não aspire ser centro de nada. A importância aqui é muito mortal. Veja, por exemplo, essas aveias que pousam no dorso dos hipopótamos. Sua grandeza é o seu tamanho mínimo. É essa a nossa arte, nossa maneira de nós fazermos maiores: catando nas costas dos poderosos.

Um homem se pode medir pelo jeito como anda.

A boca é grande e os olhos são pequenos. Ou como se diz aqui: o burro come espinhos com a sua língua suave.

Os homens são assim, fingidos de força, porque têm medo.

Para si, meu filho, para si que estudou em escola, o chão é um papel, tudo se escreve nele. Para nós a terra é uma boca, a alma de um búzio. O tempo é o caracol que enrola essa concha. Encostamos o ouvido nesse búzio e ouvimos o princípio, quando tudo era antigamente.

A cinza voa, mas o fogo é que tem asa.

Não é a paz que lhe interessa. Eles se preocupam é com a ordem, o regime desse mundo. (…) O problema deles é manter a ordem que lhes faz serem patrões. Essa ordem é uma doença em nossa história.

O chão deste mundo é o teto de um mundo mais por baixo. E sucessivamente, até ao centro, onde mora o primeiro dos mortos.

Salvar é uma grande palavra. E amor é uma palavra ainda maior. Grandes palavras escondem grandes enganos.

Quem tem insónia é o peixe que só adormece na frigideira.

Esse desesperado suspiro dos corpos se amando é que faz uma mulher se transcender, aceitar em si a semente de um infinito ser.

Não é força que se pede a um canoeiro. O segredo está no ritmo dos remos, batendo num mesmo compasso na superfície da água.

O navio é uma ilha habitada por homens e os seus fantasmas.

Esse medo que os homens nutrem das mulheres, desses antigos demónios que apenas o gesto feminino pode soltar.