Frases Filosóficas

Penso, como ser pensante, que nada existe senão o pensamento, o qual me pensa como ser pensante.

Por que tolerar? Parece-me ainda pior do que perseguir. No perseguir há um reconhecimento do valor.

É a posse mais terrível de todas, a escravatura mais completa, aquela que uma obra exerce sobre o seu criador. (…) Se você for um criador não dará a felicidade nem a si nem aos que estão imediatamente à sua volta.

A escrita não é uma técnica e não se constrói um poema ou um conto como se faz uma operação aritmética. A escrita exige sempre a poesia. E a poesia é um outro modo de pensar que está para além da lógica que a escola e o mundo moderno nos ensinam.

No conto (como em qualquer outro género literário) o mais importante não é o seu conteúdo literário, mas a forma como ele nos comove e nos ensina a entender não através do raciocínio mas do sentimento (será que existem estas categorias, assim separadas?).

O único conselho é este: escutar. Tornarmo-nos atentos a vozes que fomos encorajados a deixar de ouvir. Tornemos essas vozes visíveis. E mantenhamos viva essa capacidade que já tivemos na nossa infância de nos deslumbrarmos. Por coisas simples, que se localizam na margem dos grandes feitos. Um contínuo da escola, um servente que presta apoio às aulas laboratoriais, pode ser mais sugestivo do que o mais prestigiado académico. O que importa do ponto de vista do escritor é a capacidade que essa personagem tem de suscitar história e de nos revelar facetas da nossa própria humanidade.

Não podemos ter medo de não saber. O que devemos recear é o não termos inquietação para passarmos a saber.

A aversão pelo erro é o mais grave dos erros. É tão vital errarmos como acertarmos. Devemos afastar o medo de errar. Devemos manter o gosto por experimentar, mesmo cometendo falhas. A natureza foi evoluindo graças ao erro básico que é a mutação. Se os genes nunca falhassem não haveria a diversidade necessária para a continuidade da Vida.

Só se escreve com intensidade se vivemos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos, mas de ser vivido por sentimentos.

Só se conta uma história que seja bonita se tivermos prazer nesse empreendimento.

O escritor é um ser que deve estar aberto a viajar por outras experiências, outras culturas, outras vidas. Deve estar disponível para se negar a si mesmo. Porque só assim ele viaja entre identidades. E é isso que um escritor é – um viajante de identidades, um contrabandista de almas. Não há escritor que não partilhe dessa condição: uma criatura de fronteira, alguém que vive junto à janela, essa janela que se abre para os territórios da interioridade.

Qual é a responsabilidade do escritor para com a democracia e com os direitos humanos? É toda. Porque o compromisso maior do escritor é com a verdade e com a liberdade. Para combater pela verdade o escritor usa uma inverdade: a literatura. Mas é uma mentira que não mente.

Que a imaginação te engorde e a matemática te emagreça.

É a bondade um supremo entender.

O escritor não é apenas aquele que escreve. É aquele que produz pensamento, aquele que é capaz de engravidar os outros de sentimento e de encantamento.

O que nos interessa sobretudo na História seria dar conteúdo atual, ou melhor, conteúdo eterno ao que acaba por aparecer como um empoeirado, como um arqueológico episódio do passado.

Muito do que escrevo pode parecer profundo por ser atrapalhado.

Um mundo arrumado é apenas o palco para o grande espetáculo, de que até hoje tivemos apenas um ou outro raro exemplo, da plena criação em todos os domínios, arte, ciência, filosofia, porventura vida também.

O que não se adquire pelo sofrimento para nada vale na ordem mais profunda das coisas.

Nenhuma das grandes religiões se estabeleceu jamais por meio da intelectualidade. A ela acodem sempre mais tarde os intelectuais, não em busca de mais intelectualidade, mas na esperança de encontrar aquele caminho de vida e aquela ressurreição que os seus sistemas puramente filosóficos lhes não podem dar.

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