Engana-se quem pensa que só as paixões violentas como a ambição e o amor triunfam sobre as outras. A preguiça, por lânguida que seja, nem por isso deixa de se impor# sobrepõe-se a todos os desígnios e a todas as ações da nossa vida# destrói e consome insensivelmente as paixões e as virtudes.
É mais difícil ser fiel à amada quando se é feliz, que quando se é maltratado por ela.
Tais coisas nos acontecem na vida que é preciso ser um tanto loucos para nos safarmos.
Por vezes, perdemos pessoas cuja falta lamentamos, embora essa falta não nos faça sofrer# e outras, cuja falta nos faz sofrer, mas cuja perda não lamentamos de todo.
Só sentimos o bem e o mal que nos acontece na proporção do nosso amor-próprio.
Há uma certa espécie de amor cujo excesso impede o ciúme.
O maior defeito da perspicácia não é tanto não atingir o alvo como de ultrapassá-lo.
Os espíritos mesquinhos ressentem-se frequentemente com coisas insignificantes# os espíritos elevados apercebem-se delas, mas não se ressentem minimamente.
A inveja é mais irreconciliável do que o ódio.
Aqueles que foram iludidos pela nossa astúcia, nunca nos parecem tão ridículos como parecemos a nós mesmos quando a astúcia dos outros nos iludiu.
O mundo recompensa com mais frequência as aparências do mérito do que o próprio mérito.
A maneira mais segura de se ser enganado é julgar-se mais esperto do que os outros.
O encanto da novidade e os velhos hábitos, por mais que uma coisa se oponha à outra, impede-nos igualmente de ver os defeitos dos nossos amigos.
Quem vive sem loucura não é tão sensato como pensa.
Todas as paixões nos levam a cometer erros, mas o amor faz-nos cometer os mais ridículos.
As virtudes perdem-se no interesse como as águas do rio se perdem no mar.
As pessoas fracas não podem ser sinceras.
Perdoamos na medida em que amamos.
Geralmente os espíritos medíocres condenam tudo o que está para além do seu alcance.
A esperança, enganadora como é, serve, contudo, para nos levar ao fim da vida pelos caminhos mais agradáveis.