Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assim negada a sua pastora, como se a não tivera merecida#
Frases Filosóficas
a fingida alegria, os passos vagarosos, o falar, o esquecer-me do que digo# um pelejar comigo, e logo desculpar-me# um recear, ousando# andar meu bem buscando, e de poder achá-lo acovardar-me# enfim, averiguar-me que o fim de tudo quanto estou falando são lágrimas e amores# são vossas isenções e minhas dores.
Mas quem terá, Senhora, palavras com que iguale com vossa fermosura minha pena# que, em doce voz, de fora aquela glória fale que dentro na minh’alma Amor ordena? Não pode tão pequena força de engenho humano com carga tão pesada, se não for ajudada dum piedoso olhar, dum doce engano# que, fazendo-me o dano tão deleitoso, e a dor tão moderada, que, enfim, se convertesse nos gostos dos louvores que escrevesse.
Canção, não digas mais# e se teus versos à pena vêm pequenos, não queiram de ti mais, que dirás menos.
Então amostraria os olhos saudosos, o suspirar que a alma traz consigo#
Pretidão de Amor, tão doce a figura, que a neve lhe jura que trocara a cor. Leda mansidão, que o siso acompanha# Bem parece estranha, mas bárbara não.
Presença serena que a tormenta amansa# Nela, enfim, descansa
Tanto do bem humano estou diviso, que qualquer outro bem julgo por vento# assim que em caso tal, segundo sento, assaz de pouco faz quem perde o siso.
Muda-se o ser, muda-se a confiança# Todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.
Contente deste bem, Louva o momento outra vez renovar Tão bem perdida# a causa que me guia a tal ferida, ou hora em que se viu seu perdimento.
Verdadeiro valor não dão à gente# Essas honras vãs, esse ouro puro melhor é merecê-los sem os ter que possuí-los sem os merecer.
Toda a minha pena. Esta é a cativa que me tem cativo# E. pois nela vivo, é força que viva.
Ouçam a longa história de meus males, e curem sua dor com minha dor# que grandes mágoas podem curar mágoas.
Amor…É querer estar preso por vontade# É servir a quem vence, o vencedor# É ter com quem nos mata, lealdade.
As navegações grandes que fizeram# Cale-se de Alexandre e de Trajano a fama das vitórias que tiveram# Que eu canto o peito ilustre Lusitano, a quem Neptuno e Marte obedeceram. Cesse tudo o que a Musa antiga canta, que outro valor mais alto se alevanta.
Amor é fogo que arde sem se ver# é ferida que dói, e não se sente# é um contentamento descontente# é dor que desatina sem doer.
As armas e os Barões assinalados que da Ocidental praia Lusitana, por mares nunca de antes navegados passaram ainda além da Taprobana, Em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, e entre gente remota edificaram novo reino, que tanto sublimaram#
por virtude do muito imaginar#
Meus sentidos prostrados se submetem assim cegos a tanta majestade# E da triste prisão, da escuridade, cheios de medo, por fugir remetem.
Este me parecia preço honesto# mas eu, por de vantagem merecê-los, dei mais a vida e alma por querê-los, donde já não me fica mais de resto.