Frases Filosóficas

Pôs na boca os rubis, e na pureza do belo rosto as rosas, por quem mouro; no cabelo o valor do metal louro; no peito a neve em que a alma tenho acesa.

Mas nos olhos mostrou quanto podia, e fez deles um sol, onde se apura a luz mais clara que a do claro dia.

Ah! minha Dinamene! Assim deixaste quem não deixará nunca de querer-te!

Ah! Ninfa minha, já não posso ver-te, tão asinha esta vida desprezaste!

Como já pera sempre te apartaste de quem tão longe estava de perder-te?

Puderam estas ondas defender-te que não visses quem tanto magoaste?

Como de dois ardores se incendia, da grande impaciência fez despejo, e, remetendo com furor sobejo, vos foi beijar na parte onde se via.

Ditosa aquela flama, que se atreve a pagar seus ardores e tormentos na vista do que o mundo tremer deve!

Namoram-se, Senhora, os Elementos de vós, e queima o fogo aquela nave que queima corações e pensamentos.

Se lá no assento etéreo, onde subiste, memória desta vida se consente, não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te alguma cousa a dor que me ficou da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou, que tão cedo de cá me leve a ver-te, quão cedo de meus olhos te levou.

O fogo que na branda cera ardia, vendo o rosto gentil que na alma vejo se acendeu de outro fogo do desejo, por alcançar a luz que vence o dia.

A Morte, que da vida o nó desata, os nós, que dá o Amor, cortar quisera  na Ausência, que é contra ele espada fera, e com o Tempo, que tudo desbarata.

A verdadeira afeição na longa ausência se prova.

Alma minha gentil, que te partiste tão cedo desta vida descontente, repousa lá no Céu eternamente e viva eu cá na terra sempre triste.

Enfim, Senhora, em vossa compostura ela a apurar chegou quanto sabia de ouro, rosas, rubis, neve e luz pura.

(…) Que dias há que na alma me tem posto, um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Se este meu pensamento, como é doce e suave, de alma pudesse vir gritando fora mostrando seu tormento cruel, áspero e grave, diante de vós só, minha Senhora: pudera ser que agora o vosso peito duro tornara manso e brando. E eu que sempre ando pássaro solitário, humilde, escuro, tornado um cisne puro, brando e sonoro pelo ar voando, com canto manifesto pintara meu tormento e vosso gesto.

Mas (segundo o que o Céu me tem mostrado) já sei que deste meu buscar ventura, achado tenho já, que não a tenho.

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