O fantástico não está fora do real, mas no sítio do real que de tão visível não se vê.

Quando considero a duração mínima da minha vida, absorvida pela eternidade precedente e seguinte, o espaço diminuto que ocupo, e mesmo o que vejo, abismado na infinita imensidade dos espaços que ignoro e me ignoram, assusto-me e assombro-me de me ver aqui e não lá. Quem me pôs aqui? Por ordem de quem me foram destinados este lugar e este espaço?

E urgia compreender melhor o desejo que me descontrolara, eu nunca havia sentido coisa semelhante. Se desejo era aquilo, posso dizer que antes de Matilde eu era casto.

De uma crise como jamais houve sobre a Terra. Da mais profunda colisão de consciências. De uma decisão conjurada contra tudo que até então foi acreditado, santificado, requerido.

Dúvida do que quer, mas nunca de ti mesmo.

Eu me tomo as estrelas e a lua. Eu me tomo o amante e o amado. Eu me tomo o vencedor e o vencido. Eu me tomo o senhor e o escravo. Eu me tomo o cantor e a canção. Eu me tomo o conhecedor e o conhecido… Eu continuo dançando… e dançando… e dançando, até que haja apenas… a dança.

O que eu faço como jogador individual só é importante se ajudar a equipe a vencer. Isso e o mais importante.

Esse coração aí tá sendo ignorante. Pra me esquecer, vai precisar de um transplante.

No amor, cada homem constitui-se no seu próprio desafio pessoal.