Frases de Fabrício Carpinejar

Só é mortal o que não vimos.

Quando a gente gosta, a gente começa emprestando um livro, depois um casaco, um guarda-chuva, até que somos mais emprestados do que devolvidos. Gostar é não devolver, é se endividar de lembranças.

Perguntar uma desconfiança é constrangimento. O amante é uma espécie de férias familiares.

Gastei todas as minhas mentiras na paixão. Gastei todas as minhas verdades no amor. O que sobrou sou eu.

Uma relação nem sempre termina porque não é feliz. Às vezes termina para preservar a felicidade da memória.

Loucura foi permitir que nos déssemos às costas por pura impaciência de desvendarmos os caminhos.

Sempre antecipamos o ‘eu te amo’, depois só amamos por teimosia, para provar que era verdade.

Preciso te encontrar, minha imaginação vem-se esforçando demais para continuar as lembranças.

É aquela vontade danada de andar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite.

Até que a morte nos separe é muito pouco pra mim. Preciso de você por mais de uma vida.

Quem não chegou a uma estação tarde de si, a pressentir que o último ônibus passou?

Amar é respirar devagar, soletrar o sopro, para não acordá-la dormindo no meu peito.

Perder-se é uma maneira de fazer novos caminhos e quebrar a rotina. Ninguém acha um atalho sem se perder antes.

Até hoje não diferencio os cogumelos venenosos dos sadios. Como descobrir o que mata sem morrer um pouco por vez?

Não desejo encontrar alguém que me complete, é pouco, mas que me transborde, até o final cansar e ser só início.

O amor tem uma consciência louca do futuro, de fazer passado com o futuro. A paixão vive fora do tempo. O amor vive no tempo porque deixa rastros. Paixão se esquece, e amor nem enterrando acaba.

O luto é destinado aos que amam amar. Vinga-se a pessoa que odeia amar, odeia continuar amando. É o encontro do mais extremo ódio com o mais extremo amor. A união de dois terrorismos. 

Não se apaixonará pela pessoa ideal, mas por aquela que não conseguirá se separar. A convivência é apenas o fracasso da despedida. O beijo é apenas a incompetência do aceno.

Temos a ilusória sensação de que estamos certos. Mas o certo é nunca usar o poder ou a superioridade para impor uma perspectiva. Só ganha no amor quem não quer ganhar.

Não é um conto de fadas: todo conto de fadas tem um início triste e um final feliz. Quando o início é muito feliz, cuidado com o final triste.