Quem anda com porcos farelo come

Abrindo um antigo caderno
foi que eu descobri:
Antigamente eu era eterno.

a fingida alegria, os passos vagarosos, o falar, o esquecer-me do que digo; um pelejar comigo, e logo desculpar-me; um recear, ousando; andar meu bem buscando, e de poder achá-lo acovardar-me; enfim, averiguar-me que o fim de tudo quanto estou falando são lágrimas e amores; são vossas isenções e minhas dores.

Quem me vê sempre parado, distante
Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar

E urgia compreender melhor o desejo que me descontrolara, eu nunca havia sentido coisa semelhante. Se desejo era aquilo, posso dizer que antes de Matilde eu era casto.

Quando chegar o momento, esse meu sofrimento vou cobrar com juros, juro.

Ainda somos os mesmos…

Dias e noites, pensando no que fiz, eu sou um vencedor, eu lutei pelo que eu quis.

Sou um homem de letras, nada mais. Não estou certo de ter pensado nada de original em minha vida. Sou um fazedor de sonhos.