Frases de Sinceridade

Se noutro corpo uma alma se traspassa, não como quis Pitágoras, na morte, mas como quer Amor, na vida escassa…

Que dias há que n’alma me tem posto um não sei quê, que nasce não sei onde, vem não sei como, e dói não sei porquê.

Mas, conquanto não pode haver desgosto onde esperança falta, lá me esconde amor um mal, que mata e não se vê.

Extremos são de amor os que padeço, ó humano tesouro, ó doce glória; e se cuido que acabo então começo. 

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.

Em vos louvar, Senhora, não me fundo, porque quem vossas cousas claro sente, sentirá que não pode merecê-las.

Que de tanta estranheza sois ao mundo, que não é d´estranhar, Dama excelente, quem vos fez, fizesse Céu e estrelas.

Depois de tantos dias mal gastados, depois de tantas noites mal dormidas, depois de tantas lágrimas vertidas, tantos suspiros vãos vãmente dados, como não sois vós já desenganados, desejos, que de cousas esquecidas quereis remediar mortais feridas, que amor fez sem remédio, o tempo, os Fados? 

Se não tivéreis já longa exp’riência das sem-razões de Amor a quem servistes, fraqueza fora em vós a resistência. 

Mas, pois, por vosso mal seus males vistes, que o tempo não curou, nem larga ausência, qual bem dele esperais, desejos tristes?

Começa de servir outros sete anos, dizendo: – Mais servira, se não fora para tão longo amor tão curta a vida!

Que Amor Fez sem Remédio, o Tempo, os Fados? 

Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando-se com vê-la; porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assim negada a sua pastora, como se a não tivera merecida;

a fingida alegria, os passos vagarosos, o falar, o esquecer-me do que digo; um pelejar comigo, e logo desculpar-me; um recear, ousando; andar meu bem buscando, e de poder achá-lo acovardar-me; enfim, averiguar-me que o fim de tudo quanto estou falando são lágrimas e amores; são vossas isenções e minhas dores.

Mas quem terá, Senhora, palavras com que iguale com vossa fermosura minha pena; que, em doce voz, de fora aquela glória fale que dentro na minh’alma Amor ordena? Não pode tão pequena força de engenho humano com carga tão pesada, se não for ajudada dum piedoso olhar, dum doce engano; que, fazendo-me o dano tão deleitoso, e a dor tão moderada, que, enfim, se convertesse nos gostos dos louvores que escrevesse.

Canção, não digas mais; e se teus versos à pena vêm pequenos, não queiram de ti mais, que dirás menos.

Sete anos de pastor Jacob servia labão, pai de Raquel, serrana bela; Mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia.

E se pola ventura, dama, vos ofendesse, escrevendo de vós o que não sento,

e vossa fermosura tão baixo não descesse que a alcançasse um baixo entendimento, seria o fundamento daquilo que cantasse todo de puro amor, porque vosso louvor em figura de mágoas se mostrasse. E onde se julgasse a causa pelo efeito, minha dor diria ali sem medo: quem me sentir, verá de quem procedo.

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