O único impossível é o que julgarmos que não somos capazes de construir.
Frases Filosóficas
As palavras são bonitas antes do seu significado. Depois de significarem, as palavras são como as pessoas. Podem ser tudo ao mesmo tempo. Todas as palavras podem ser tudo ao mesmo tempo.
O futuro é o grande enigma. É a luz que cega, o sol. Mas, como com o sol, é necessário e saudável que se abram as janelas, que se respire, que se fechem os olhos e se sinta na pele.
Hoje, as naturezas-mortas são feitas da passagem do homem pelo meio e não de uma composição geométrica de frutas, que apodreceram após uma semana e que, só ali, na tela, permanecem perfeitas e ridículas.
Para a escrita de um texto literário, ter uma ideia é tão importante como ter um computador. Conseguir uma mesa é facultativo, mas tem a sua importância. Uma folha de papel de nada serve sem uma esferográfica ou um lápis. Para escrever um texto literário, é absolutamente essencial escrevê-lo.
O espelho do nosso próprio olhar serve sobretudo para nós. É o mundo que tem a capacidade de nos definir. Nós definimo-lo a ele e, justiça simétrica, ele define-nos a nós.
Não é bom ter certezas em relação a tudo. São as incertezas que esbatem os contornos, que diluem as cores. Precisamos das incertezas para não sermos geométricos e insuportáveis.
Eu preciso de escrever romances. Neste momento da minha vida escrever romances é algo que me faz sentir válido e me dá força para acordar de manhã, para fazer tudo o que não me apetece fazer.
Se os sentimentos são inerentes a estar aqui e ser humano, é necessário que, à partida, se procure os melhores, os positivos. Amar é um esforço intelectual. E quando se ama muito e só, sem espaços de sombra, transformamo-nos num sol. As plantas vivas dependem dessa estrela para chegarem à fotossíntese.
Há livros a serem escritos, paixões a animarem-se e silêncio em tantos lugares. A vida parece ter o tamanho do sol e eu, que tenho sempre tanto em que pensar, perco-me no meu próprio alcatrão.
Envelheces um dia por dia, cada dia a mais é um dia a menos. Eu sei que há isto e aquilo, há as outras pessoas e a grande quantidade de coisas que pensas que elas pensam, mas queres uma novidade? As outras pessoas estão-se lixando. Se fizeres aquilo que é imperativo que faças, a respiração das outras pessoas não se perturbará mais do que um nada invisível. Estás à espera de quê?
Há demasiadas pessoas no mundo a partilharem uma cama e um número incontável de ressentimentos. Há demasiadas pessoas no mundo a mentirem a si próprias e a discutirem à frente dos filhos.
Sei que há indivíduos com bons motivos para o imobilismo, mas não me peçam para admirá-los. Não sou capaz. Prefiro os que tomam decisões. Dizem “sim” e é sim. Dizem “não” e já está, acabou-se. A partir dessa perspectiva, o que está em causa não é tanto dizer sim ou não, o que está em causa é dizer, afirmar.
A inconstância é uma forma de diferença, mas mesmo a diferença pode ser diferente de dia para dia, de hora para hora, de cada instante inconstante para cada instante inconstante.
Do lugar de onde estás, tu próprio és o assunto que melhor vês, tu és a pessoa que está mais perto de ti. Por esse motivo, é normal que te pareça que cada detalhe é fundamental, essencial, que não podes viver sem ele. Mas podes.
Não tem de existir sempre a mais alta ambição em cada gesto. Ninguém aguenta viver assim e, para os vivos, viver é muito importante.
O silêncio é como a recordação da mãe para um órfão. O silêncio é como a recordação da mãe para qualquer filho. O mundo é pálido perante o silêncio.
A grande mentira que contamos a nós próprios, parece-me, é a memória. Mimamos lembranças como bebés, estragamo-las com mimos.
Escolher a metáfora óbvia é uma forma retorcida de originalidade. Aceitar a primeira escolha é o contrário do meu instinto e, hoje, acredito que os meus instintos têm pouca razão.
Havemos sempre de lamentar o tanto que esquecemos, o tanto que perdemos quando aquilo que procurávamos era o caminho em frente, era seguir, crescer, construir.