Mas contra vosso olhos quais serão? Forçado é que tudo se lhe renda, mas porei por escudo o coração.
Frases para Refletir
Porque, em tão dura e áspera contenda, é bem que, pois não acho defensão, com me meter nas lanças me defenda.
Por ficar da vitória mais ufana, deixou-me armar primeiro da razão; cuidei de me salvar, mas foi em vão, que contra o Céu não vale defensa humana.
Mas porém, se vos tinha prometido o vosso alto destino esta vitória, ser-vos tudo bem pouco está sabido.
Que posto que estivesse apercebido, não levais de vencer-me grande glória; maior a levo eu de ser vencido.
Se tanta pena tenho merecida em pago de sofrer tantas durezas, provai, Senhora, em mim vossas cruezas, que aqui tendes uma alma oferecida.
Brado: – Não me fujais, sombra benina! Ela, os olhos em mim c’um brando pejo, como quem diz que já não pode ser,
Torna a fugir-me; e eu gritando: – Dina…Antes que diga: – mene, acordo, e vejo que nem um breve engano posso ter.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.
Erros meus, má Fortuna, Amor ardente. Em minha perdição se conjuraram; Os erros e a Fortuna sobejaram, que para mim bastava Amor somente.
Tudo passei; mas tenho tão presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a não querer já nunca ser contente.
Errei todo o discurso de meus anos; Dei causa (a) que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanças.
Se me pergunta alguém porque assim ando, respondo que não sei; porém suspeito que só porque vos vi, minha Senhora.
Um encolhido ousar; uma brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento: Esta foi a celeste formosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento.
Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio, o mundo todo abarco e nada aperto.
É tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto.
Estando em terra, chego ao Céu voando, num’hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um’ hora.
O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto de neve fria, e em mim converte em choro um doce canto. E afora este mudar-se a cada dia, outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soia.
Um mover de olhos, brando e piedoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quase forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso;
Um despejo quieto e vergonhoso; um repouso gravíssimo e modesto; uma pura bondade, manifesto indício da alma, limpo e gracioso;