Frases Recentes

Uma obra de arte não é para «entender», mas só para «compreender». No segundo caso é muito menos limitada.

Toda a surpresa deixa de o ser quando integrada nos nossos hábitos. E é por isso que uma obra de arte do passado nos deixa quase indiferentes.

Ser forte à custa alheia é ser fraco à custa própria.

Há erros tão grandes que são quase do tamanho da verdade. A verdade, aliás, é um erro à espera de vez.

Tem piada. Deus não tem moral nenhuma. O «tu deves» instaurar uma distância entre o absoluto do dever e a finitude de quem é obrigado. Deus não pode ter distância de nada. E é porque ele é amoral que nós não podemos julgá-lo imoral e pedir-lhe, portanto, satisfações.

Há homens que não suportam a ideia da amizade por verem nela apenas uma submissão ao de quem são amigos.

Para ajuizar do que é inferior é preciso ser-se superior. É por isso que um imbecil facilmente se julga um génio.

O que numa obra lê a sua época, nem sempre é o que leem as épocas que se seguem. Daí que uma obra célebre á nascença não se saiba o que virá a ser depois.

No que se conquista há que descontar o que se sofre para conquistar. E o saldo é normalmente negativo.

A maior tragédia para o homem é saber que tem de morrer. Mas a sua maior grandeza é justamente ter consciência. Assim a sua maior grandeza é a sua maior tragédia.

Um grande livro não é bem o tema e personagens e situações e escrita e tom e tudo o mais que se quiser: é o que sobra disso tudo e se não identifica com nada disso. E, todavia, tal grande livro é mesmo tudo isso com que se identifica.

A grande fraqueza da razão: ser incapaz de demonstrar a sua excelência. A grande força da razão: termos de servir-nos dela para demonstrar isso mesmo.

Uma verdade que se aceita começa logo a morrer. Ou seja, a ser erro. É a altura de outro erro começar a nascer. Ou seja, a ser verdade.

A grande sociedade sem classes é a do cemitério. Das diferenças aí impostas, os mortos não sabem.

O que importa num raciocínio não é que esteja certo consigo, mas que esteja certo conosco.

O historiador é um ficcionista que tira tudo da realidade.

O amor existe pelo que não existe. Porque há-de existir a pessoa que se ama?

Que importa o que erraste? Não haveria verdade nos outros sem o teu erro próprio. E assim colaboraste na harmonia da vida. Se no mundo houvesse só uma cor, não haveria sequer essa cor.

Por quê? Para quê? Economiza os teus «porquê» e «para quê». Ou utiliza-os só até onde houver resposta. Porque a última resposta a eles é o impossível e o vazio. Ou então terás de mudar de universo. E estás cá tão bem…

Mau sinal quando nos dizem que estamos «na mesma». Significa isso que devíamos estar «na outra».

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