Queria, se ser pudesse, o impossível# queria poder mudar-me e estar quedo# Usar de liberdade e estar cativo#
Frases de Amor
Pois meus olhos não cansam de chorar tristezas não cansadas de cansar-me# pois não se abranda o fogo em que abrasar-me pôde quem eu jamais pude abrandar#
Não canse o cego Amor de me guiar donde nunca de lá possa tornar-me# nem deixe o mundo todo de escutar-me, enquanto a fraca voz me não deixar.
Pouco sabe da tristeza quem, sem remédio para ela, diz ao triste que se alegre# pois não vê que alheios contentamentos a um coração descontente, não lhe remediando o que sente, lhe dobram o que padece.
O amor é uma ferida que dói, e não se sente#
Coitado! que em um tempo choro e rio# Espero e temo, quero e aborreço# Juntamente me alegro e entristeço# Du~a cousa confio e desconfio.
Amor é um brado afeito que Deus no Mundo pôs e a Natureza para aumentar as coisas que criou. De amor está sujeito tudo quanto possui a redondeza# nada sem este efeito se gerou. Por ele conservou a causa principal o Mundo amado donde o pai famulento foi deitado. As coisas ele as ata e as conforma com O Mundo,e reforma a matéria. Quem há que não o veja? Quanto meu mal deseja, sempre forma.
Os bons vi sempre passar no mundo graves tormentos# E para mais me espantar, os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos. Cuidando alcançar assim o bem tão mal ordenado, fui mau, mas fui castigado: Assim que só para mim anda o mundo concertado.
Extremos são de amor os que padeço, ó humano tesouro, ó doce glória# e se cuido que acabo então começo.
Assim te trago sempre na memória# nem sei se vivo, ou morro, mas conheço, que ao fim da batalha é a vitória
Sete anos de pastor Jacob servia labão, pai de Raquel, serrana bela# Mas não servia ao pai, servia a ela, e a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia, passava, contentando-se com vê-la# porém o pai, usando de cautela, em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos lhe fora assim negada a sua pastora, como se a não tivera merecida#
a fingida alegria, os passos vagarosos, o falar, o esquecer-me do que digo# um pelejar comigo, e logo desculpar-me# um recear, ousando# andar meu bem buscando, e de poder achá-lo acovardar-me# enfim, averiguar-me que o fim de tudo quanto estou falando são lágrimas e amores# são vossas isenções e minhas dores.
Mas quem terá, Senhora, palavras com que iguale com vossa fermosura minha pena# que, em doce voz, de fora aquela glória fale que dentro na minh’alma Amor ordena? Não pode tão pequena força de engenho humano com carga tão pesada, se não for ajudada dum piedoso olhar, dum doce engano# que, fazendo-me o dano tão deleitoso, e a dor tão moderada, que, enfim, se convertesse nos gostos dos louvores que escrevesse.
Canção, não digas mais# e se teus versos à pena vêm pequenos, não queiram de ti mais, que dirás menos.
Então amostraria os olhos saudosos, o suspirar que a alma traz consigo#
Pretidão de Amor, tão doce a figura, que a neve lhe jura que trocara a cor. Leda mansidão, que o siso acompanha# Bem parece estranha, mas bárbara não.
Presença serena que a tormenta amansa# Nela, enfim, descansa
Tanto do bem humano estou diviso, que qualquer outro bem julgo por vento# assim que em caso tal, segundo sento, assaz de pouco faz quem perde o siso.