Frases de Amor

Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos a diversas vontades! Quando lerdes num breve livro casos tão diversos, verdades puras são e não defeitos; e sabei que, segundo o amor tiverdes, tereis o entendimento de meus versos.

Nela experimentai, se sois servida, desprezos, desfavores e asperezas, que mores sofrimentos e firmezas sustentarei na guerra desta vida.

Mas contra vosso olhos quais serão? Forçado é que tudo se lhe renda, mas porei por escudo o coração.

Porque, em tão dura e áspera contenda, é bem que, pois não acho defensão, com me meter nas lanças me defenda.

Por ficar da vitória mais ufana, deixou-me armar primeiro da razão; cuidei de me salvar, mas foi em vão, que contra o Céu não vale defensa humana.

Mas porém, se vos tinha prometido o vosso alto destino esta vitória, ser-vos tudo bem pouco está sabido.

Que posto que estivesse apercebido, não levais de vencer-me grande glória; maior a levo eu de ser vencido.

Se tanta pena tenho merecida em pago de sofrer tantas durezas, provai, Senhora, em mim vossas cruezas, que aqui tendes uma alma oferecida.

Brado: – Não me fujais, sombra benina! Ela, os olhos em mim c’um brando pejo, como quem diz que já não pode ser,

Torna a fugir-me; e eu gritando: – Dina…Antes que diga: – mene, acordo, e vejo que nem um breve engano posso ter.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o Mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades.

Erros meus, má Fortuna, Amor ardente. Em minha perdição se conjuraram; Os erros e a Fortuna sobejaram, que para mim bastava Amor somente.

Tudo passei; mas tenho tão presente a grande dor das cousas que passaram, que as magoadas iras me ensinaram a não querer já nunca ser contente.

Errei todo o discurso de meus anos; Dei causa (a) que a Fortuna castigasse as minhas mal fundadas esperanças.

Se me pergunta alguém porque assim ando, respondo que não sei; porém suspeito que só porque vos vi, minha Senhora.

Um encolhido ousar; uma brandura; um medo sem ter culpa; um ar sereno; um longo e obediente sofrimento: Esta foi a celeste formosura da minha Circe, e o mágico veneno que pôde transformar meu pensamento.

Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio, o mundo todo abarco e nada aperto. 

É tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto. 

Estando em terra, chego ao Céu voando, num’hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um’ hora.

O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto de neve fria, e em mim converte em choro um doce canto. E afora este mudar-se a cada dia, outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soia.

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