É tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto.
Frases de Sinceridade
Estando em terra, chego ao Céu voando, num’hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um’ hora.
O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto de neve fria, e em mim converte em choro um doce canto. E afora este mudar-se a cada dia, outra mudança faz de mor espanto: Que não se muda já como soia.
Um mover de olhos, brando e piedoso, sem ver de quê; um riso brando e honesto, quase forçado; um doce e humilde gesto, de qualquer alegria duvidoso;
Um despejo quieto e vergonhoso; um repouso gravíssimo e modesto; uma pura bondade, manifesto indício da alma, limpo e gracioso;
O tempo cobre o chão de verde manto, que já coberto foi de neve fria, e em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia, outra mudança faz de mor espanto: que não se muda já como soía.
Estando em terra, chego ao Céu voando; numa hora acho mil anos, e é de jeito que em mil anos não posso achar um’hora.
Anda sempre tão unido o meu tormento comigo que eu mesmo sou meu perigo.
Nem falar-te somente a dura Morte me deixou, que tão cedo o negro manto em teus olhos deitado consentiste!
Oh mar! oh céu! oh minha escura sorte! Que pena sentirei que valha tanto, que inda tenha por pouco viver triste?
Tomou-me vossa vista soberana aonde tinha as armas mais à mão, por mostrar que quem busca defensão contra esses belos olhos, que se engana.
Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperança; do mal ficam as mágoas na lembrança, e do bem, se algum houve, as saudades.
A vista, que em si mesma não se atreve, por se certificar do que ali via, foi convertida em fonte, que fazia a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade causa o primeiro efeito; o pensamento e endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera, num momento de lágrimas de honesta piedade lágrimas de imortal contentamento.
Verdes são os campos, de cor de limão: assim são os olhos do meu coração.
Campo, que te estendes com verdura bela; ovelhas, que nela vosso pasto tendes, de ervas vos mantendes que traz o Verão, e eu das lembranças do meu coração.
Gados que pasceis dom contentamento, vosso mantimento não no entendereis; isso que comeis não são ervas, não: são graças dos olhos do meu coração.
Amor, que o gesto humano n’alma escreve, vivas faíscas me mostrou um dia, donde um puro cristal se derretia por entre vivas rosas e alva neve.