Frases Filosóficas

Tu és aquilo que eu sei sobre a ternura. Tu és tudo aquilo que eu sei. Mesmo quando não estavas lá, mesmo quando eu não estava lá, aprendíamos o suficiente para o instante em que nos encontrámos.

Fomos crianças e, depois, transformámo-nos em nós. Com essa experiência, quando olhamos para elas, acreditamos que também elas se transformarão em nós. Vê-las, sabendo isso e sabendo que elas ignoram essa certeza, faz com que sejamos portadores de um segredo que preferíamos não conhecer, que nos afasta das crianças quando tudo o que queríamos era ser crianças, voltar a merecer um pouco dessa pureza, desse descanso.

Os escolares preocupam-se em segredo com o mesmo que preocupa as raparigas nos internatos; faça-se o que se fizer, elas falarão sempre do amor, aqueles das mulheres.

A vida é tão efémera. A saúde é tão efémera. Estarmos aqui, em forma, mais ou menos contentes, a ler um livro, é tão transitório. A ler um livro, imagine-se. As forças da doença, se quiserem, subjugam-nos e aniquilam-nos em menos de um instante.

É possível avançar por ruas durante toda a vida, perder as forças nas pernas, cair de joelhos e morrer, transformar-se lentamente, com a chuva, com os anos, no empedrado da calçada, diluir-se entre as pedras, como pó, como água, desaparecer.

Ainda bem que existem pessoas mais interessadas em barragens do que eu. São essas pessoas que garantem a existência dessas obras imensas que, quando não agridem a natureza, são um bem de grande valor para toda a gente, mesmo para aqueles que nunca se conseguiram interessar por barragens, como é o meu caso.

Guardamos os segredos ao lado de tudo o que não dizemos. Nesse grande sótão escuro há de tudo, há aquilo que não dizemos por que temos medo, porque temos vergonha, porque não somos capazes; há aquilo que não dizemos porque desconhecemos, ignoramos mesmo, apesar de estar lá, em nós. Os segredos não são assim. Eles estão lá, podemos visitá-los, assistir a eles, sabemos as palavras exatas para dizê-los e, muitas vezes, temos tanta vontade de contá-los. Mas escolhemos não o fazer.

Considero-me prático e funcional. Respondi sempre pelo lado do senso comum. Dizer que estava tudo bem era a minha maneira de dizer que não estava doente, que não tinha sido preso e que contava regressar a casa como combinado.

Num mundo imperfeito, não há ninguém que esteja sempre certo. Da mesma maneira, ninguém está sempre errado.

Quando se esconde tanto, estimula-se a imaginação na mesma medida. O cérebro propõe hipóteses para as perguntas que não são respondidas. É essa a natureza do cérebro.

Viajar é interpretar. Duas pessoas vão ao mesmo país e, quando regressam, contam histórias diferentes, descrevem os naturais desse país de maneiras diferentes. Uma diz que são simpáticos, a outra diz que são antipáticos. Uma diz que são tímidos, a outra diz que não se calam durante um minuto.

Tenho medo que os meus filhos nunca cheguem a entender aquilo que lhes conto quando ficamos em silêncio, quando o tempo passa e estamos juntos, no mesmo lugar, eu a conduzir em viagens longas com horizonte e eles, ao meu lado, a olharem pela janela, ou quando é fim da tarde, também com horizonte, em silêncio.

Às vezes, tenho medo de estar a criar uma distância insuperável entre mim e as pessoas que me são queridas. O perigo não é a distância física, os milhares de quilómetros que muitas vezes nos separam, o perigo é deixarmos de nos entender. Mesmo ausentes, continuamos a existir em todos os momentos.

Quem fiscaliza tem demasiado poder nos olhos. Se disser que viu, ninguém pode contradizê-lo.

Sei agora, o fim e o desespero são a serenidade de uma solidão eterna e irremediável, são uma mágoa que é um sofrimento eterno e irremediável, tudo eterno e tudo irremediável, são o silêncio de quem chora sozinho numa noite inteira.

Já não posso voltar atrás, porque nunca se pode voltar atrás. Só o arrependimento daquilo que não escolhemos persiste, existe.

Chega devagar, mas vem; aproxima-se e será um dia infinito, uma noite eterna, um instante parado que não será um instante; e os assuntos grandes serão menores que os mais ridículos, e os assuntos grandes serão ainda maiores porque serão os únicos.

A solidão era um céu maior que a noite e onde não havia mais que noite e frio, era um lugar negro que o olhar via.

Penso: o lugar dos homens é uma linha traçada entre o desespero e o silêncio.

“É antigo o desejo de dizer “”estive aqui””, a necessidade de dizer “”existo””, esse gesto que se pode fazer de tantas formas.”

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