Ainda é a rotina que buscamos, como um ideal. Não conheço melhor instrumento. Permite-nos ir chegando para o lado tudo o que é mecânico, ou burocrático, ou aborrecido – e, entretanto, viver. A rotina é o inimigo número um do tédio.

A piedade pelos doentes ou pelos mortos é uma forma de esconjuro: a paga ao destino para nós não atingir.

É isso, ser-se bom e não ter medo em assumir-se como bom, o que mais faz falta ao mundo. Malta que se é. Malta que se diz boa – e que é mesmo boa. Malta que recusa a música do coitadinho – e que, por isso, sai do seu cantinho.

A glória assemelha-se ao mercado: por vezes, quando nos demoramos, os preços baixam.

Não há mérito algum em ter simpatia pelo sofrimento. É muito mais difícil simpatizar com o pensamento.

Quando cheguei aqui ao Congresso, queria fazer o bem. Hoje, acho que dá o que dá para fazer é evitar o mal.

O ser humano, por natureza, prefere o passado ao futuro ou vice-versa, sempre à custa do presente. Tanto a ideia que as coisas vão melhorar (não podem piorar mais) como a ideia que não vão piorar (é triste ficar na mesma).

Para não despertar os monstros. 

E é nisto que se resume o sofrimento: cai a flor, — e deixa o perfume no vento!