“Estive agora no México e vi escrito nas paredes de um museu um pensamento dos maias, muito simples, muito correto, mas ao mesmo tempo perfeito, profundo. Dizia: “”Semeia para colheres, colhe para comeres, come para viveres””. É um fundamento da vida. A gente vive no sentido inverso: vive para comer, come para colher e colhe porque semeia. Aqui põe-se o problema do que transcende isso.”
Frases Gerais
A espécie mais perigosa de estupidez é uma inteligência aguçada.
Em amor um silêncio vale mais do que uma linguagem. É bom ficar sem palavras; há uma eloquência no silêncio que penetra mais do que a língua o conseguiria.
É um desejo utópico, é um desejo profundo no homem: um bem-estar, e não está inquietude permanente de guerras.
A memória é muito caprichosa, fixa umas coisas e não fixa outras. Fixa uma coisa que aparentemente não vale nada e esquece uma coisa que é muito forte. O que retemos na memória é aquilo que o capricho dela reteve, não aquilo que a gente quis reter. Outras vezes há passagens de que a gente não gostaria de falar. Há sempre um segredo, cada um tem um segredo, qualquer coisa que não gosta de ver revelado.
O homem é um bocado como o gato, fica preso às casas porque nelas se passaram histórias, e a casa é o guardião de todas essas histórias, problemas, alegrias etc.
Para mim os poetas chegam mais longe do que os filósofos. As suas poesias contêm segredos que vão para além. A nossa inteligência não é capaz de os desvendar, a gente sente, mas não desvenda.
O sexo é um prazer, um vício, como fumar, tomar café, beber uma droga.
A santidade está ligada ao sentido verdadeiro de liberdade, é o desprendimento total das coisas terrenas. Agora, se está preso pelo dinheiro, por uma paixão, pelo desejo de uma mulher, por isto, por aquilo, anda sempre agarrado a esta porcaria que é o campo terreno.
A paixão é uma perturbação, o amor é real, é absoluto, é uma coisa estranha. A paixão dá sempre força a um lado, ou é da mulher ou é do homem. O desejo é fazer dos dois, um.
“O homem tem um teto, (que os gregos atingiram), para além disso, já não percebemos nada. Somos joguetes do destino. O Espinosa dizia: “”Supomos que somos livres porque ignoramos as forças obscuras que nos manipulam””. E S. Paulo: “”Se Cristo não ressuscitou, a nossa crença é vã””. Não sabemos: nenhum dos nossos mortos disse qualquer coisa.”
Ninguém nasceu por vontade própria. Somos lançados ao mundo, temos que gramar isto quer queiramos, quer não. Estamos submetidos às forças enigmáticas da natureza, ligados umbilicalmente com a natureza, somos do mesmo processo. Dentro de nós há o mesmo que aconteceu no sudoeste da Ásia: quando estamos irados, é uma tempestade. A natureza é extremamente caprichosa, dá a uns o que tira a outros. E a gente não sabe por quê. Eu mereço mais? Não mereço mais nem menos, sou como os outros, peco como os outros, gozo como os outros, vivo como os outros.
Sou um sobrevivente como qualquer outro. A arte é um ofício, uma paixão que as pessoas têm. O usurário tem uma paixão pelo dinheiro e junta o dinheiro para nada – é triste. O artista tende ao absoluto; pode também estar numa situação de revolta. Não é exatamente o meu caso, embora muitas vezes me revolte.
O egoísmo não peca tanto por ações como por não-compreensão.
Tudo aquilo em que se acredita existe, é só isso.
Acordo sem simpatia dá uma relação antipática.
Os carácteres simples, não os complexos, são difíceis de entender.
Crianças precoces e velhos imaturos há bastantes em certos estados em que o mundo por vezes se encontra.
Em cada pessoa mora uma inocência própria.
Na juventude, somos atraídos por aquilo que é chamado de interessante; na idade madura, pelo que é bom.