Frases Gerais

A sociedade prosseguirá em estado de violência, porque o homem não prescinde da sua enfermidade moral que é achar-se inútil num mundo que não criou.

Se há alguém que não se interessa pelos poetas, são as mulheres. As paixões que as palavras desencadeiam, isso as mulheres recebem no código que a poesia contém.

A crueldade é um dom, se corresponde a uma denúncia da cobardia no seu todo, mas é um vício se é a consagração da parcialidade. A vingança é uma parcialidade. A desmesura é parcialidade. A grandeza é o todo.

A amizade exige a cortesia. Não é como o amor, que, pela sua áurea mudança, se adapta à confidência e ao desembaraço narrativo.

A mulher, até pelo seu grande poder de insignificância, é muito menos vulnerável que o homem.

Mãe: profundamente cumpridora e formal, nas suas relações com os seus filhos, na sua relação com a casa e com o lar, sempre presente e movida do bem-estar material, mas com um certo puritanismo, talvez até um pouco incómodo. Um puritano quer dizer um rebelde que se ignora.

A intimidade excessiva desencadeia a hostilidade.

O humor é, nas pessoas, um elemento terrivelmente desconhecido. Pode unir um povo inteiro como o não fazem os costumes e a própria língua.

Humilde é a pessoa que não afasta de si a crença do Infinito, a realidade das suas pequenas pegadas na vida – e não aquela que se desmerece, que insulta o seu corpo e a sua alma, que se enfurece contra si mesma. Aceitar a sua humilhação é consentir na humilhação do seu próprio Deus.

As guerras não surgem por motivos económicos ou passionais. É uma atitude de indivíduos abandonados à razão, incluindo a razão do seu mundo interior isolada do mundo exterior.

Na nossa sociedade, que se entende por permissiva, não há afinal homens exemplares. Há só leis que substituem o exemplo; há só alíneas morais que estão em vez dos atos reais e da sua humanidade.

O fenómeno mais herético é o amor. Ele não é bem recebido nem tolerado porque é uma força sem desistência e que não se revoga a si mesma.

Escrever é isto: comover para desconvocar a angústia e aligeirar o medo, que é sempre experimentado nos povos como uma infusão de laboratório, cada vez mais sofisticada. Eu penso que o escritor com maior sucesso é aquele que protege os homens do medo: por audácia, delírio, fantasia, piedade ou desfiguração.

Escrevo para desiludir com mérito, que é a maneira de se fazer lembrar com virtude.

O homem faz tentativas duma obra, a mulher opera sem necessidade de completar alguma coisa. Ela é um ser completo, princípio e fim, lugar, caso, dispersão do conflito em que a própria morte se descreve, se anuncia.

Eu admiro os grandes parados. Em geral são pessoas de grande perspicácia. O movimento produz calor, mas não aguça a inteligência.

O medo faz as pessoas extravagantes, mas não as faz originais.

Disciplinar os povos é sempre a ilusão frenética dos grandes revolucionários. Falham continuamente. Não se dominam as energias sociais do mundo senão na medida em que elas tendem a uma rotina que, por sua vez, deixe tranquila a «espontaneidade negativa» do homem.

Não há exemplo duma ideia que, por excelente que seja, se desenvolva ao nível do quotidiano. Sofre de toda a espécie de mutações antes de entrar na carreira do lugar-comum, que é onde acabam todas as grandes ideias.

Os escritores para crianças ou são chatos ou corruptores. De resto, só escreve expressamente para crianças quem não sabe fazer outra coisa.

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