Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa virgindade perpétua da emoção – isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos.
Substitui-te sempre a ti próprio. Tu não és bastante para ti.
Todo o homem que merece ser célebre sabe que não vale a pena sê-lo.
A ação é uma doença do pensamento, um cancro da imaginação. Agir é exilar-se.
Agir é intrometer-se na ilusão geral, perturbar a ordem do Universo.
Para que um homem possa ser absolutamente intelectual, tem que ser um pouco imoral.
Para que um homem possa ser distintivamente e absolutamente moral, tem que ser um pouco estúpido.
O único modo de estarmos de acordo com a vida é estarmos em desacordo com nós próprios.
Quem cruzou todos os mares cruzou somente a monotonia de si mesmo.
Abdicar da vida para não abdicar de si próprio.
Hoje defendo uma coisa, amanhã outra. Mas não creio no que defendo hoje, nem amanhã terei fé no que defenderei.
Esculpir em silêncio nulo todos os nossos sonhos de falar!
A vida prática sempre me pareceu o menos cómodo dos suicídios.
Viver parece-me um erro metafísico da matéria, um descuido da inação.
“Todo o homem que se diz superior ao amor, se não é um “”blagueur””, é ou um impotente ou um tímido.”
Todas as nossas opiniões são dos outros.
Nunca encarei o suicídio como uma solução, porque eu odeio a vida por amor a ela.
Realizar o amor é desiludir-se. Quando não é desiludir-se é acostumar-se. Acostumar-se é morrer.
A única aristocracia é nunca tocar. Não se aproximar – eis o que é fidalgo.
Toda a sinceridade é uma intolerância. Não há liberais sinceros. De resto, não há liberais.