Não aspiro ao autocontrole. Autocontrole significa: querer atuar num ponto aleatório das irradiações infinitas da minha existência espiritual. Mas tenho de traçar estes círculos em torno de mim, por isso é melhor fazê-lo passivamente no puro espanto de admiração perante o imenso complexo e levar para casa apenas a força que, em contrário, essa visão oferece.
Frases para Refletir
O negativo, com toda a probabilidade muito fortalecido pela «luta», torna iminente uma decisão entre loucura e segurança.
Como são felizes os homens casados, velhos e novos, no escritório. Fora do meu alcance, embora se fosse ao meu alcance eu acharia isso intolerável, e, no entanto, é a única coisa que me faz sentir uma tendência para aplacar o meu desejo.
Sem antepassados, sem casamento, sem herdeiros, com um desejo feroz por antepassados, pelo casamento, por herdeiros. Todos eles estendem as mãos para mim: antepassados, casamento e herdeiros, mas demasiado longe de mim. Há um substituto miserável, artificial para tudo, para antepassados, casamento e herdeiros. Em espasmos concebemos estes substitutos e se não sucumbirmos aos espasmos sucumbiremos ao desconsolo do substituto.
Bandeiras Negras! Como eu também leio mal. E com que maldade e fraqueza eu me observo. Aparentemente não consigo forçar o meu caminho para entrar no mundo, mas talvez ficar sossegado, receber, expandir em mim o que recebi e então calmamente avançar.
A loucura em que tenho andado com raparigas apesar de todas as minhas dores de cabeça, insónias, cabelo grisalho, desespero. Vou contá-las: pelo menos seis desde o Verão. Não consigo resistir, se não cedo fico literalmente com a língua de fora, e admiro todas as que são admiráveis, e amo-as até acabar a admiração. Perante as seis a culpa que sinto é quase só interior, embora uma das seis se tivesse queixado de mim a uma pessoa.
Amargo, amargo, esta é a palavra mais importante. Como tenciono eu soldar fragmentos uns aos outros numa história que tudo arrasta consigo?
É possível que a razão e o desejo descubram primeiro aos meus olhos o perfil nu do futuro, e que eu de facto me mova passo a passo para este mesmo futuro apenas debaixo dos seus empurrões e dos seus golpes inexoráveis?
Os contras de se viver com outras pessoas. Imposto pela distância, pela compaixão, piedade, prazer, cobardia, vaidade e só muito no fundo, talvez, uma ténue corrente digna da designação de amor, impossível de procurar, brilhando uma vez num momento do momento.
A criatura ineficaz, hesitante, frágil – um telegrama arrasa-o, uma carta leva-o logo a pôr-se de pé, reanima-o, o silêncio que se segue à carta lança-o para a apatia.
As trompetes de alarme do nada.
De novo arrastado por esta racha terrível, comprida, estreita, o que na realidade só em sonhos se pode obrigar a fazer. De propósito e acordado de certeza que nunca conseguiríamos.
Em tempos de paz não se chega a parte nenhuma, em tempos de guerra sangra-se até à morte.
Que significado têm hoje as conclusões de ontem? Têm o mesmo significado do que ontem, são verdadeiras, só que o sangue escorre pelas fendas das grandes pedras da lei.
É ridículo colocares arreios em ti mesmo para este mundo.
Valentia: um composto castrense de vaidade, dever e fé de jogador.
Tolice: aquela «graça e faculdade divinas» cuja energia criadora e dominante inspira a mente do Homem, guiando as suas ações e alegrando a sua vida.
Vencer: criar um inimigo.
Velhice: aquele período da vida no qual ajustamos os vícios que ainda temos, denegrindo aqueles que já não conseguimos satisfazer.
Verdadeiro: estúpido e iletrado.