Quanto custa amadurecer. Felizes daqueles que amadurecem cedo. Coitados daqueles que amadurecem cedo. Quando é a altura de amadurecerem já estão podres.
Frases para Refletir
Erguer-me de sob a montanha de tudo quanto o meu tempo acumulou e descobrir a virgindade do sentir. É a primeira relação com os outros e com o mundo, antes de a razão a engaiolar.
A vaidade do artista é uma defesa contra os que o negam.
A «firmeza de princípios», de «opiniões», pode ser uma forma vistosa de camuflar a estupidez. Ser inteligente é ser disponível.
A liberdade. Como é difícil. Numa carroça, quem tem menos problemas é o cavalo.
A força de um problema tem que ver com a força de que dispomos.
O silêncio só existe em contraste com o barulho. Se não há barulho a contrastar, é ele próprio barulhento. E então apetece o ruído para ele ser menos ruidoso.
O que se consegue no que se obtém é quase sempre a decepção. Não é que falte muitas vezes seja o que for nisso que se consegue. Mas falta a esperança ou o desejo de o conseguir.
Quem procura a glória não a merece, quem a merece não a procura.
A imagem de um intelectual, mormente de um escritor, não está bem nos livros que lê, mas naqueles que relê. A leitura revela aquele que deseja ser# a releitura, aquele que é.
Num mundo de cegos quem tem um olho é aleijado.
O artista não cria a obra de arte, mas só os seus sinais de trânsito. Quem a cria é quem por eles passa.
Fecha os olhos para não seres cego.
Há dentro de nós a exigência absoluta de sermos eternos e a certeza de o não sermos. O absurdo é a centelha do contacto destes dois opostos.
A filosofia não é um meio de descobrir a verdade. Mas é, como a arte, um processo de a «criar».
Numa situação intensa não sabemos que dizer. Para isso é que há o formalismo do silêncio, traduzido num abraço de emoção ou nos «sentidos pêsames» sem emoção nenhuma.
Não é por causa dos outros que somos o que somos: é sempre por causa de nós.
Vir a morte e levar-nos. E não fazermos falta a ninguém. Nem a nós. Que outra vida mais perfeita?
De duas ou mais dores simultâneas, a nossa atenção escolhe uma e quase esquece as outras. Na ruína do nosso tempo, vê se escolhes o mais importante dela. Evitarás assim o ridículo de chorar a perda de um alfinete numa casa que te ardeu. E a História olhar-te-á com simpatia – talvez vá mesmo para a cama contigo.
O melhor de uma verdade é o que dela nunca se chega a saber.