A questão portuguesa não é de se falar ou não falar português. É de ser ou não ser à maneira portuguesa, que é ser variadíssimas coisas ao mesmo tempo, e por vezes coisas que parecem contraditórias, e é a possibilidade de tomar um tema e olhar de várias maneiras, conforme o temperamento da pessoa, a época em que viveram, a linguagem de que usavam, a maneira como se sentiam na vida.
Frases para Refletir
Os portugueses sempre adoraram o concreto, entendem o abstrato, mas procuram traduzir imediatamente em concreto.
Se te não decidires a resolver tudo acabarás por não resolver nada.
Nenhuma vida tem qualquer significado ou qualquer valor se não for uma contínua batalha contra o que nos afasta da perfeição que é o nosso único dever.
Felicidade ou paz nós as construímos ou destruímos: aqui o nosso livre-arbítrio supera a fatalidade do mundo físico e do mundo do proceder e toda a experiência que vamos fazendo, negativa mesmo para todos, a podermos transformar em positiva.
Posso mudar se me penso mudado.
A bondade cria problemas quando é fraqueza e não força.
Uma aventura vale na medida em que é perigosa.
Deus não se afirmar nem se nega: Deus É, mesmo quando não é, numa plena manifestação da sua suprema liberdade.
A meditação sem objeto é a seta que se dispara sem que o arco a solte.
Pensar não tem mais transcendência em si próprio do que arrumar uma casa: trata-se de pôr em ordem, de organizar um meio em que nós possamos mover, o que não significa que o queiramos fixo para sempre, como nenhuma dona de casa supõe que a limpeza se fará para todo o sempre.
Boa leitura é aquela que leia o que não há entre página e página da mesma folha.
Quanto trabalho me daria ser rico.
O falar do concreto pode ser outra forma de retórica.
A única revolução definitiva é a de despojar-se cada uma das propriedades que o limitam e acabarão por o destruir, propriedade de coisas, propriedade de gente, propriedade de si próprio.
O mal terrível que está a roer tudo e que poderá tornar toda a necessária transformação económica um mal ainda mais grave, se ela não for acompanhada de uma renovação religiosa, é que a vida se tornou inteiramente laica e, por consequência, inteiramente monótona: nenhuma hora se distingue de outra hora por um rito ou uma cerimónia especial.
Poderia perguntar-se se é realmente a felicidade o valor máximo que a Humanidade procura e se não é a felicidade apenas um instrumento de alguma coisa mais fundamental do que ela.
No mundo só fantasia existe: está comigo decidir se ela é o tudo ou o nada, já que me não pode socorrer o exterior, tão interior como eu ou eu tão exterior como ele, os dois afinal num mundo em que também é a fantasia a distinção entre um e outro.
O melhor será que não pertençamos a partido algum, porque a política não é uma essência de ser, como a religião, a ciência ou a arte, nas quais todos deveríamos estar: é uma pura fatalidade histórica, como a economia, ou a administração, como também a medicina ou a engenharia.
Como vemos agonizar o capitalismo, veremos agonizar o socialismo ou o sistema que lhe suceda, afogado pela mediocridade: está a luta real entre o herói, que sempre se arrisca a ser crucificado, e a maioria que tão facilmente se resigna à colmeia, com a sua comida assegurada, a sua temperatura constante, a sua perfeita disciplina, até com o sacrifício dos que fecundam no azul e morrem.