No grande artista há uma falha a preencher e no pequeno uma falha a compensar. O primeiro nunca o consegue.
Frases Recentes
Como saber que se falhou, se não sabendo como não falhar? Mas então por que se falha? E se saber que se falha é realmente ignorar como se não falharia? Sabemos de outros que não falharam, porque sabemos então neles o que é não falhar.
O que o moralista mais odeia nos pecados dos outros é a suspeita acusação de cobardia por não ter coragem de os cometer.
Não há amor como o primeiro, mesmo que esse primeiro seja o último.
Não poderás vencer a morte. Mas impõe-lhe a vida como um bandarilheiro e verás que muitas vezes ela marra no vazio.
Não será difícil ser humilde quando se é grande. Difícil é ser humilde quando se é medíocre. Como é fácil ser generoso quando se é rico e não quando se tem pouco.
Uma dor de que se fala já não é dor sentida.
Ri sempre de maneira que alguém fique, sem saberes, a chorar dentro de ti. Porque se o riso permanece, o que encontra dentro de ti é o idiota que lá estava à sua espera.
Não exibas tanto o esplendor dos teus dentes. Eu sei que são postiços. Mas há quem não sabe, dizes. Pois. Mas ainda que eu não soubesse, sabia-lo tu. Fecha a boca.
A alegria do que nos alegrou dura pouco. A dor do que nos doeu dura muito mais. Vê se consegues poupar a alegria e esbanjares o que te dói. Vive aquela intensamente e moderadamente. E atira a outra ao caixote. Talvez chegues a optimista profissional e tenhas uma bela carreira de político.
Todo o escritor que é original é diferente. Mas nem tudo o que é diferente é original. A originalidade vem de dentro para fora. A diferença é ao contrário. A diferença vê-se, a originalidade sente-se. Assim, uma é fácil e a outra é difícil.
Há os livros que antes de lidos já estão lidos. Há os que se leem todos e ficam logo lidos todos. E há os que nos regateiam a leitura e que pedimos humildemente que se deixem ler todos e não deixam e vão largando uma parte de si pelas gerações e jamais se deixam ler de uma vez para sempre.
Os grandes sistemas do pensar, da ciência, as grandes correntes literárias e artísticas, os grandes ideários políticos ou religiosos. Tudo passou. Restos detritos fragmentos. Toma o teu bocado e senta-te no vão de uma porta a comê-lo.
Saber tudo de tudo. Ou tudo de algum saber. Decerto é impossível e mesmo indesejável. Mas que tu sintas que é bela a luz ou ouvir um pássaro cantar e terás sido absolutamente original. Porque ninguém pode sentir por ti.
Tentar provar o futuro é muito mais interessante do que poder o conhecer. Como no jogo, não o ganhar, mas o poder ganhar. Porque nenhuma vitória se ganha se se não puder perder.
Amas ou não uma mulher, mas não sabes por quê. Como hás-de poder saber a razão do bem e do mal?
‘O inferno são os outros’ – disse Sartre. E é sobretudo por isso que se usam óculos escuros.
A razão é um formulário para se provar o que já provámos para nós próprios. E é por isso que a metafísica continua e a filosofia analítica vai ficando para trás.
E eu disse-lhe: o melhor da vida é o seu impossível. E ela disse-me: isso não tem sentido nenhum. E eu dei-lhe razão, mas não sabia por quê. Ou seja, pela melhor razão que podia ter.
Na juventude os chamados ideias orientadores da vida, mesmo os grandes projetos que excedam os de se subsistir, não fazem muita falta. Porque ser jovem é ter já tudo isso como substituto de tudo isso.