Frases Filosóficas

Queixo-me da ausência de democracia, da autocracia, do autoritarismo do partido que está no Governo. Queixo-me da arrogância da falta de diálogo.

A primeira frase é sempre a mais difícil. Às vezes demora muito tempo.

Está a perguntar como trabalho? Faço um plano detalhado com os capítulos todos, as personagens todas. Uma espécie de mapa do que vai acontecendo nos diversos capítulos.

Quando uma pessoa acaba por ter tão pouco tempo para estar com os amigos, para escrever as suas histórias, isso acaba por nos fechar, por nos tornar tímidos, introvertidos e por vezes até com dificuldade de relação.

O ser humano não é assim tão vário; tão vário como se pretende. Nota que os livros são sempre os mesmos, infelizmente. Pintores, cineastas, músicos, escritores, poetas tratam sempre os mesmos assuntos, tentam analisar, sempre, as mesmas obsessões.

Nós, como escritores, somos muito egoístas; há uma faceta muito egoísta em nós. Era aquilo a que o Camus chamava «o egoísmo do escritor».

Penso, cada vez mais, que um romance tem de contar uma boa história; boa e bem contada. Quanto à Agustina e ao Vergílio Ferreira, estou farto de Faulkners do Minho e de Sartres de Fontanelas, e ainda por cima maus.

Os escritores portugueses passam o tempo a falar de livros, os escritores americanos nunca falam de livros.

Os campeões de pingue-pongue chineses treinam oito horas por dia… um escritor tem que escrever todos os dias para não perder a mão, como os cirurgiões.

É uma dificuldade minha, a de fazer diálogos. Como sou um lírico, faço tudo carregado de autobiografia. Às vezes o que as pessoas pensam que é bom tem a ver com estratagemas nossos. No fundo não é uma técnica, é uma defesa das nossas dificuldades.

O Jorge Amado dizia-me, há tempos, que conhecia muitos editores ricos, mas escritores não. Gastamos muito em impostos e pagamos tudo aquilo que o agente investe em nós.

A exploração do escritor é uma coisa vergonhosa. O livreiro, que tem só o trabalho de vender, ganha 30 por cento. O editor, entretanto, tem uma razoável margem de risco. Fica com 40 por cento dos quais tem que pagar ao escritor.

É agradável as pessoas gostarem do nosso trabalho. Temos uma sede infinita de amor. E de reconhecimento. Por muito certos que estejamos do nosso talento e da nossa capacidade de escrever.

As razões por que se gosta dos livros são muito variáveis. De uns gosta-se deles em si, de outros gosta-se por razões mais afetivas, de outros ainda pela forma como foram recebidos pelas pessoas. Embora de uma forma diferente, acaba-se por gostar de todos, senão não os publicávamos.

Gosto das pessoas que têm cara de quem vive. E isso não tem a ver com beleza. Normalmente, as pessoas que eu acho atraentes não são bonitas, têm um charme lento, que eu não sei explicar.

Quando uma pessoa tem talento, percebe-se logo. Às vezes até na cara se percebe. As pessoas com talento têm uma certa aura. Marlon Brando pode estar metido num cantinho da tela, mas nós só reparamos nele quando olhamos para lá. Uma vez, vi Chagall a pintar os tetos da ópera de Nova Iorque. Era um homem de 80 e tal anos, pequenino, feiíssimo, estava sentado no chão a trabalhar e, no entanto, eu não consegui tirar os olhos dele.

Não tenho muito jeito para viver. E acho que os livros são a minha redenção.

Os portugueses merecem muito melhor, merecem muito mais do que o Governo que têm, muito mais do que a maneira como os obrigam a viver. Já ouviu um discurso do primeiro-ministro? A quantidade de erros de português que ele dá… Como é que podemos ser governados por pessoas que nem sequer sabem falar português? Não posso com esta mediocridade, com este vazio de ideias, com esta mentira constante. ‘Decisão irrevogável’? O meu pai nunca admitiria que um filho seu voltasse atrás com a palavra. E isto passa-se no mundo inteiro. Há pouco tempo, George Steiner comentou comigo que nenhum dos bons alunos de Cambridge ia para a política: só os medíocres vão para a política.

Nunca aguento muito tempo numa casa. Passado uns tempos, começo a ficar cansado. Não sei o que é e, sobretudo, não sei até que ponto é que quando estou a dizer que estou farto desta casa, não posso estar a dizer ‘estou farto de mim’.

Para mim, ser-me-ia impossível viver fora de Lisboa. Falta-me a língua, falta-me este meu povo, feio, pequenino, com mau gosto, malcriado, não sei quê, mas do qual tenho umas saudades loucas quando estou no meio de gente limpa.

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