Frases Filosóficas

O amor por si só é decerto uma companhia – mas não chega à companhia daquela que se ama.

O amor arrasta ao luxo, sobretudo amor de elegante idealismo.

O amor espiritualiza o homem – e materializa a mulher.

Louvor bem entendido deve começar por nós, porque neste caso ele se torna uma verdadeira forma de caridade. Mal daqueles que, por humor sombrio ou desalento muito expansivo, se cobrem de cinza diante do mundo, porque o mundo imediatamente, por cima da cinza, os cobres de lama. A humildade só foi possível na Tibada; e as próprias santas nunca se mostraram aos homens sem a pomposa auréola.

Esta expressão «Leitura», há cem anos, sugeria logo a imagem de uma livraria silenciosa, com bustos de Platão e de Séneca, uma ampla poltrona almofadada, uma janela aberta sobre os aromas de um jardim: e neste retiro austero de paz estudiosa, um homem fino, erudito, saboreando linha a linha o seu livro, num recolhimento quase amoroso. A ideia da leitura, hoje, lembra apenas uma turba folheando páginas à pressa, no rumor de uma praça.

Em arte, a copiosa, exuberante, luxuosa e florida fantasia cansa, esquece e passa – e só há eternidade para a beleza pura e simples.

A arte é tudo porque só ela tem a duração – e tudo o resto é nada! As sociedades, os impérios são varridos da Terra, com os seus costumes, as suas glórias, as suas riquezas.

Nada dá tanta ideia da constância de carácter, como a firmeza de caminhar. Uma alemã, uma inglesa, anda como pensa – direita e certa. As nossas raparigas, constantemente sentadas e aninhadas, quando têm de se pôr a pé e de marchar, gingam e rolam.

Vitor Hugo afirmava que só existiam duas coisas verdadeiramente grandes – o génio e a bondade: Michelet acrescentava que dessas duas grandezas só uma era verdadeiramente real – a bondade. Decerto estes dois homens, supremamente bons e geniais, entendiam por bondade – aquela virtude ativa que, pela elevação e amplitude das suas manifestações, participa do heroísmo.

Na arte, a indisciplina dos novos, a sua rebelde força de resistência às correntes da tradição, é indispensável para a revivescência da invenção e do poder criativo, e para a originalidade artística.

Dos grandes génios vêm por vezes grandes males, e nunca vem senão bem de uma bondade honesta e grave.

Um homem de letras, que não escreve as suas memórias, tem realmente direito a que os outros lhes não escrevam.

Quando se quer mostrar a beleza de um cristal, movendo-o muito com os dedos – quase sempre se finda por lhe empanar a transparência e o brilho casto.

Preciso conselhos, direções, preciso «conhecer-me a mim mesmo» – para perseverar e desenvolver o bom, evitar o mau, ou modificá-lo e disfarçá-lo: Mas há lá coisa mais difícil? Que se conheça a si mesmo – o homem que não tira os olhos de si mesmo, é quase impossível: anquilosa-se a gente num certo feitio moral, de que não sai.

Eu não sou um moralista: sou um artista; o artista é um ser nefasto – que não é responsável pelas suas fantasias, nem pelas suas vinganças.

Um artista é pior que uma mulher – e um artista escandalizado na sua vaidade de colorista e estilista é capaz das maiores infâmias.

Na arte só têm importância os que criam almas, e não os que reproduzem costumes.

Os artistas só amam na natureza os efeitos de linha e cor; para se interessar pelo bem-estar de uma tulipa, para cuidar de que um craveiro não sofra sede, para sentir magoa de que a geada tenha queimado os primeiros rebentões das acácias – para isso só o burguês, o burguês que todas as manhãs desce ao seu quintal com um chapéu velho e um regador, e vê nas árvores e nas plantas uma outra família muda, por que ele é também responsável…

A rotina, numa das suas formas mais estúpidas, é a persistência caturra numa primeira impressão.

O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

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