Como um trilho no Outono: mal foi varrido, cobre-se outra vez de folhas secas.
Frases Filosóficas
«A» está muito cheio de si, julga-se bem adiantado na bondade, uma vez que – evidentemente como um objeto cada vez mais sedutor – se sente exposto a um número sempre maior de seduções, que até então lhe eram totalmente desconhecidas. A explicação certa, porém, é que nele se instalou um grande demónio, e uma infinidade de outros, menores, que vão servindo o maior.
O momento decisivo da evolução humana é permanente. Por isso estão certos os movimentos revolucionários do espírito que declaram nulo tudo o que veio antes, pois nada ainda aconteceu.
De um verdadeiro adversário flui uma coragem sem limites para dentro de ti.
Não deixes que o mal te faça acreditar que conseguirias guardar segredos diante dele.
Permitir que a cabeça cheia de asco e ódio afunde no peito.
Não aspiro ao autocontrole. Autocontrole significa: querer atuar num ponto aleatório das irradiações infinitas da minha existência espiritual. Mas tenho de traçar estes círculos em torno de mim, por isso é melhor fazê-lo passivamente no puro espanto de admiração perante o imenso complexo e levar para casa apenas a força que, em contrário, essa visão oferece.
O negativo, com toda a probabilidade muito fortalecido pela «luta», torna iminente uma decisão entre loucura e segurança.
Como são felizes os homens casados, velhos e novos, no escritório. Fora do meu alcance, embora se fosse ao meu alcance eu acharia isso intolerável, e, no entanto, é a única coisa que me faz sentir uma tendência para aplacar o meu desejo.
Sem antepassados, sem casamento, sem herdeiros, com um desejo feroz por antepassados, pelo casamento, por herdeiros. Todos eles estendem as mãos para mim: antepassados, casamento e herdeiros, mas demasiado longe de mim. Há um substituto miserável, artificial para tudo, para antepassados, casamento e herdeiros. Em espasmos concebemos estes substitutos e se não sucumbirmos aos espasmos sucumbiremos ao desconsolo do substituto.
Bandeiras Negras! Como eu também leio mal. E com que maldade e fraqueza eu me observo. Aparentemente não consigo forçar o meu caminho para entrar no mundo, mas talvez ficar sossegado, receber, expandir em mim o que recebi e então calmamente avançar.
Amargo, amargo, esta é a palavra mais importante. Como tenciono eu soldar fragmentos uns aos outros numa história que tudo arrasta consigo?
A loucura em que tenho andado com raparigas apesar de todas as minhas dores de cabeça, insónias, cabelo grisalho, desespero. Vou contá-las: pelo menos seis desde o Verão. Não consigo resistir, se não cedo fico literalmente com a língua de fora, e admiro todas as que são admiráveis, e amo-as até acabar a admiração. Perante as seis a culpa que sinto é quase só interior, embora uma das seis se tivesse queixado de mim a uma pessoa.
É possível que a razão e o desejo descubram primeiro aos meus olhos o perfil nu do futuro, e que eu de facto me mova passo a passo para este mesmo futuro apenas debaixo dos seus empurrões e dos seus golpes inexoráveis?
Os contras de se viver com outras pessoas. Imposto pela distância, pela compaixão, piedade, prazer, cobardia, vaidade e só muito no fundo, talvez, uma ténue corrente digna da designação de amor, impossível de procurar, brilhando uma vez num momento do momento.
A criatura ineficaz, hesitante, frágil – um telegrama arrasa-o, uma carta leva-o logo a pôr-se de pé, reanima-o, o silêncio que se segue à carta lança-o para a apatia.
As trompetes de alarme do nada.
De novo arrastado por esta racha terrível, comprida, estreita, o que na realidade só em sonhos se pode obrigar a fazer. De propósito e acordado de certeza que nunca conseguiríamos.
Em tempos de paz não se chega a parte nenhuma, em tempos de guerra sangra-se até à morte.
É ridículo colocares arreios em ti mesmo para este mundo.