O espírito afeiçoa-se por preguiça e por constância àquilo que lhe é fácil ou agradável. Este hábito limita sempre o nosso conhecimento e nunca ninguém se deu ao trabalho de engrandecer e de levar o seu espírito tão longe quanto ele poderia ir.
A timidez é um defeito que é perigoso repreender nas pessoas que pretendemos corrigir.
A imaginação nunca saberia inventar tão diversas contrariedades como as que há naturalmente no coração de cada um.
Os nossos inimigos aproximam-se mais da verdade nas sentenças que proferem sobre nós, do que nós mesmos.
Há um excesso de bens e de males que ultrapassa a nossa sensibilidade.
Estamos muito longe de conhecer tudo o que as nossas paixões nos levam a fazer.
Nunca se deseja tão ardentemente como quando se deseja com a razão.
Há péssimas qualidades que dão grandes talentos.
A vaidade leva-nos a fazer mais coisas contra o nosso gosto do que a razão.
Todas as nossas qualidades são incertas e duvidosas, no bem como no mal, e estão quase sempre à mercê das ocasiões.
Embora raro o verdadeiro amor, é-o ainda mais que a verdadeira amizade.
O orgulho tem as suas bizarrias, como as outras paixões: temos vergonha de admitir que sentimos ciúme, mas honramo-nos de o ter sentido e de ser capazes de o vir a ter.
As querelas não durariam muito se não houvesse um único ofendido.
A mesma firmeza que serve para resistir ao amor, serve também para o tornar violento e duradouro, e as pessoas fracas que vivem sempre agitadas por paixões quase nunca se sentem verdadeiramente preenchidas por elas.
Não serve para nada ser-se jovem sem beleza, nem bela sem juventude.
Normalmente, a maledicência é mais uma questão de vaidade que de malícia.
Há pessoas tão cheias de si mesmas que, quando se apaixonam, arranjam maneira de se ocupar da sua paixão em vez da pessoa que amam.
Como podemos nós pretender que os outros guardem os nossos segredos se nós próprios os não conseguirmos guardar?
Temos mais preguiça no espírito do que no corpo.
Prometemos conforme as esperanças e agimos conforme os medos.