Pouca gente me olha, acho que por ter medo de olhar, ou olha de rabo de olho pra me vigiar. Nem olha, nem nota que eu ‘tô lá, ou custa a perceber que, bem pior que não olhar, é olhar e não ver.

O elmo à cabeça, a espada à cinta, a lança ao braço, desço ao pátio e cavalgo o meu corcel sanhudo, e ele, a resfolegar, indiferente a tudo, rasga, como um fuzil, a escuridão do espaço.

O progresso do homem não é mais do que uma descoberta gradual de que as suas perguntas não têm significado.

Insistimos em ver o cisco no olho, e esquecemos as montanhas, os campos e as oliveiras.

A sorte me acompanha, tenho corpo fechado à inveja, a intriga não me amarra os pés, sou imune ao mau-olhado.

Ser descontente é ser homem.

O homem não é bom nem mau, nasce com instintos e aptidões.

O amor tem uma consciência louca do futuro, de fazer passado com o futuro. A paixão vive fora do tempo. O amor vive no tempo porque deixa rastros. Paixão se esquece, e amor nem enterrando acaba.

Morrer de vez em quando
é a única coisa que me acalma.