Aprende-se a escrever, lendo. E é necessária uma grande humildade face ao material da escrita. É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros.

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.

O convidado é melhor juiz de uma refeição que o cozinheiro.

O presente impõe formas. Sair dessa esfera e produzir outras formas constitui a criatividade.

Nunca amamos ninguém. Amamos, tão-somente, a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito nosso – em suma, é a nós mesmos – que amamos. Isso é verdade em toda a escala do amor. No amor sexual buscamos um prazer nosso dado por intermédio de um corpo estranho. No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso dado por intermédio de uma ideia nossa.

Ideia clara, ideia morta.

Pedi pro sol se esconder um pouquinho. Pedi pra chover, mas chover de mansinho, pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão.

O autodidata é um novo-rico. Sabe as coisas, mas não sabe como usá-las. Normalmente usa-as ao peito, que é onde supõe que apenas são visíveis. Mas onde elas se veem não é onde se veem.

Mais casamentos são atualmente arruinados pelo senso comum do marido do que por qualquer outro motivo. Como se pode esperar que uma mulher seja feliz com o homem que insiste em tratá-la como se fosse um ser racional.