A superstição é mais forte do que a religião – disse alguém. Naturalmente porque a religião é uma superstição mais civilizada. E a barbárie sempre teve mais força.
Frases Recentes
Antigamente usava-se canonizar os heróis# hoje vulgarizamo-los. Edições baratas de grandes livros podem ser magníficas, mas edições baratas de grandes homens são absolutamente detestáveis.
Muitas vezes o problema não é o de se não ter talento, mas apenas o de se não saber ter. Porque uma coisa é ter qualidades e outra ter o instinto da sua exata aplicação.
A piedade pelos doentes ou pelos mortos é uma forma de esconjuro: a paga ao destino para nós não atingir.
Não penses. Assume-te a evidência que te ilumina. Pensá-la é não a ser.
Diz-se que nós, os portugueses, não somos romancistas ou filósofos. A razão deve ser essa – a de sermos dispersivos, preguiçosos, avulsos. E é por essa razão que somos poetas líricos.
A felicidade não está no que acontece, mas no que acontece em nós desse acontecer.
Sê pessimista e age como optimista. E terás sempre razão.
Toda a verdade para a vida é uma criação: ninguém a pode ensinar.
Só se é importante cultivando uma diferença.
Não te queixes tanto das falhas de memória. Porque se soubesses tudo o que soubeste, não te poderias mexer. E então é que não terias nenhuma.
A vida é o valor máximo de que dispomos para pagar seja o que for. E é por isso que o suicídio valoriza por extensão o que se tiver realizado. Se escreveste um livro ou dois que não levantam grandes aplausos e desejas naturalmente que sim, mete uma bala na cabeça.
A paz. Procura-a. Mas uma paz que te trespasse todo e não a que te descanse apenas a superfície como a um pedinte que dorme num banco de jardim.
Toda a verdade cansa. A génese da História está aí.
O valor do que é raro vem de nos querermos raros a nós.
Do amor se diz que é frágil. Da amizade se não diz que o é também. Só que a razão de o ser ou não ser não é tão visível. Nem tão chocante.
Todos podemos saber uma coisa desagradável de alguém. E esse alguém pode saber que sabemos. E nós sabermos que sabe. No entanto não gosta que o digamos. Quem fica mais a sabê-lo se o dissermos?
O verdadeiro real é o que está para lá dele. E esse não existe. Mas sem ele não existia o outro.
Colher na moral a virtude em face dos outros. Vou-me sentindo amoral.
Não imaginamos a extensão do «faz-de-conta». É a forma de alargarmos os limites do possível.