As figuras de romance – como todos sabemos – são tão reais como qualquer de nós.
Frases de Fernando Pessoa
Uma ficção é um erro relativo. Um erro é uma ficção absoluta.
Toda a literatura consiste num esforço para tornar a vida real.
Há duas espécies de poetas – os que pensam o que sentem, e os que sentem o que pensam.
Toda a arte que revele o artista mostra um artista que não tem nada que revelar, um não-artista portanto.
Basta pensar em sentir
Para sentir em pensar.
O desdobramento do eu é um fenómeno em grande número de casos de masturbação.
Em tudo sou o que não sente, para que sinta.
Quem sabe se o romance não será uma mais perfeita realidade e vida que Deus cria através de nós, que nós – quem sabe – existimos apenas para criar?
Só a literatura – cópia silenciosa das coisas que não existem, tem foros de cidade no país das Artes. As outras são arrabaldes de vilas que já não existem.
É nas decadências que mais inteligência aparece, mais amor à arte, à beleza, à verdade. É quando o homem começa a amar a verdade que chega a hora dos bárbaros de entendimento.
Todos nós temos momentos futuristas, como quando, por exemplo, tropeçamos numa pedra.
Escapar às regras e dizer coisas inúteis resume bem a atitude essencialmente moderna….
Isto está tudo decadente: já nem decadentes há.
O que sou essencialmente – por trás das máscaras involuntárias do poeta, do raciocinador e do que mais haja – é dramaturgo.
O futurismo vem a ser uma fotografia abstrata das coisas. Ora toda arte, seja como for, vá até onde for, é antifotográfica e concreta.
Ninguém, suponho, admite verdadeiramente a existência real de outra pessoa.
Quem nunca saiu de Lisboa viaja ao infinito no carro até Benfica, e, se um dia vai a Sintra, sente que viajou até Marte.
Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem de génio fazer senão converter-se, ele só, em uma literatura?