O que eu adoro em ti não é teu rosto perante o qual o marmor descorara, e ao contemplar a esplêndida harmonia, fídias, o mestre, seu cinzel quebrara.
Frases de Sinceridade
O que eu adoro em ti não são teus lábios, onde perpétua juventude mora, e encerram mais perfumes do que os vales por entre as pompas festivais da aurora.
E a cabeça de neblinas, e fogem, nas harpas de ouro mensagens a dedilhar?
São os sabiás que cantam…não vês o sol declinar?
O que eu adoro em ti, ouve, é tu’alma, pura como o sorrir de uma criança.
Eras na vida a pomba predileta que sobre um mar de angústias conduzia o ramo da esperança.
Eras a estrela que entre as névoas do inverno cintilava apontando o caminho ao pegureiro.
A mais tremenda das armas, pior que a durindana, atendei, meus bons amigos: se apelida: – a língua humana!
Desde a quadra a mais antiga de que rezam pergaminhos, cantam a mesma cantiga na floresta os passarinhos
O que eu adoro em ti não são teus olhos, teus lindos olhos cheios de mistério, por cujo brilho os homens deixariam da terra inteira o mais soberbo império.
E por isso em meus sonhos sempre vi-te entre nuvens de incenso em aras santas, e das turbas solícitas no meio também contrito hei-te beijado as plantas.
O que eu adoro em ti, ouve, é tu’alma, pura como o sorrir de uma criança, alheia ao mundo, alheia aos preconceitos, rica de crenças, rica de esperança.
O que eu adoro em ti não é teu colo, mais belo que o da esposa israelita, torre de graças, encantado asilo, aonde o gênio das paixões habita.
São as palavras de bondade infinda que sabes murmurar aos que padecem, os carinhos ingênuos de teus olhos onde celestes gozos transparecem!…
O que eu adoro em ti não são teus seios, alvas pombinhas que dormindo gemem, e do indiscreto vôo duma abelha cheias de medo em seu abrigo tremem.
Por tudo que o céu revela, por tudo o que a terra dá, eu te juro que minh’alma de tua escrava está!
As horas dançam no tempo e o tempo, na madrugada.
Do cimo da vida, apenas vejo a poeira na estrada.
Meus rastros viraram pedras na terra do antigamente.
E as horas morrem no tempo como o tempo, no poente.