O cinema é imaterial, o teatro é material: os atores têm carne e osso, estão lá, vivos, nos cenários. Mas o cinema, não – é um fantasma da realidade.
Frases Filosóficas
A nossa realidade é o que não conseguimos nunca.
Há uma coisa que gostei de ouvir do Fellini: tinha uma grande admiração pelas pessoas que falham e persistem. Persistem com a mesma vontade, ou mais forte, com a ideia de alcançarem a finalidade última. Considero-me um pouco dentro dessa classe.
Sabe que esta história política é muito difícil, muito grave. Há uma desmobilização fortíssima, há uma perda de valores enorme! Hoje a aldrabice monta por aí com toda a força, e isso é triste.
Há um poeta português que disse que o espírito é como o ar que se respira. Eu fiquei com essa ideia. E, ultimamente, há um outro escritor que diz que o espírito é como o ar que se respira. Fiquei muito emocionado nesse livro, que eu li era muito novo. Fiquei sempre a pensar… E agora, pensando melhor, realmente, quando se morre, solta-se o espírito. O espírito é como o ar que sai. E o espírito sai e junta-se. Ao sair, perde a personalidade, onde está todo o bem e todo o mal, liberta-se desse bem e mal e junta-se ao absoluto, que é a configuração do espírito, o absoluto. É Deus.
O teatro é mais honesto que o cinema, porque o cinema filma sonhos.
Somos movidos por impulsos que ignoramos da natureza: o ódio, o amor, a paixão, a bondade. Pode-se quase perguntar se somos dependentes porque ninguém nasceu por vontade própria. Seremos verdadeiramente responsáveis pelos nossos atos? Temos a justiça que nos torna responsáveis e a evolução que o homem tem engendrado, mas não somos independentes. Somos dependentes das circunstâncias (…). Tornamo-nos responsáveis perante a lei e pela justiça, mas na verdade somos um joguete do destino.
O sexo, fonte de toda a pornografia, é cousa abissal, e esse abismo perverte e atrai o lado mais animal do homem. Desumanizando-o. Digo o lado mais animal do homem, porque entre os animais não há pornografia, nem vergonha.
Estupidamente, agora as governações proíbem o milho e acaba por se passar fome. Aqui há tempos faltava o milho e ficou tudo aflito. Agora já se pode cultivar milho outra vez. É incompreensível este desprezo pela natureza, da qual nós dependemos inteiramente.
A boa-fé é muito perigosa, é uma abertura a todo o tipo de vigarices. Por boa-fé, a gente confia, e o finório aproveita-se sempre dessa circunstância.
A política é uma coisa que tem de interessar as pessoas, porque nós vivemos debaixo dela, portanto estamos interessados na ação dela: que não nos incomode, que não nos perturbe, que não nos chateie…
A morte é mais fácil de suportar sem nela se pensar do que o pensamento da morte sem risco.
O sofrimento é uma coisa terrível. Eu não tenho medo da morte, mas temo o sofrimento.
Sem identidade não se é. E a gente tem que ser, isso é que é importante. Mas a identidade obriga depois à dignidade. Sem identidade não há dignidade, sem dignidade não há identidade, sem estas duas não há liberdade. A liberdade impõe, logo de começo, o respeito pelo próximo. Isto pode explicar um pouco os limites da própria vida.
A juventude é um tempo extraordinário em que as pessoas desconhecem que estão verdadeiramente a viver. Só com o passar dos anos é que nos apercebemos dos momentos extraordinários já vividos.
Há (em Portugal) realizadores muitíssimo bons, e devia ser mais desenvolvido e exportado em força, o que dava entrada de dinheiro! Eu dizia, na proporção de um país pequeno, pobre e na situação em que está, que o nosso cinema merecia uma ajuda para que os filmes corressem mundo e fossem também uma entrada económica de resultados.
É necessário que nasçamos culpados – ou Deus seria injusto.
Jamais vivemos, mas esperamos viver; e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que jamais o sejamos.
O hábito é uma segunda natureza que anula a primeira.
Quando se vê o estilo natural (do escritor), é-se assombrado e arrebatado, pois esperava-se ver um autor e encontra-se um homem.