Frases Filosóficas

A morte é uma surpresa que o inconcebível faz ao concebível.

A lógica só amedronta os lógicos.

A «felicidade», ideia animal. Essa palavra só tem sentido animal. O organismo feliz ignora-se.

A consciência reina e não governa.

Não vejo outra medida de um conhecimento que não o poder real que ele confere. Só sei o que sei fazer.

O nosso saber consiste em grande parte em «acreditar saber» e em acreditar que outros sabem.

Pois se o eu sou odioso, amar ao próximo como a si mesmo torna-se uma atroz ironia.

O espírito condena tudo o que não inveja.

Diz-me o que comes, dir-te-ei o que és. O carácter de uma raça pode ser deduzido simplesmente do seu método de assar a carne. Um lombo de vaca preparado em Portugal, em França, ou Inglaterra, faz compreender talvez melhor as diferenças intelectuais destes três povos do que o estudo das suas literaturas.

A luta pelo dinheiro é santa – porque é, no fundo, a luta pela liberdade: mas até uma certa soma. Passada ela – é a tristonha e baixa gula do ouro.

As obras de arte devem falar «por si mesmas», explicar-se «por si mesmas», sem terem necessidade de pôr ao lado um cicerone. Acompanhar um livro de versos de crítica «já feita» é querer impor um guia à emoção do leitor. O leitor detesta isso.

Duas folhas de carta a ler já é uma boa conta, mesmo quando seja uma carta de amor.

O coração tem os seus «elans», mas a vida tem também os seus cerimoniais.

No conto tudo precisa ser apontado num risco leve e sóbrio: das figuras deve-se ver apenas a linha flagrante e definidora que revela e fixa uma personalidade; dos sentimentos apenas o que caiba num olhar, ou numa dessas palavras que escapa dos lábios e traz todo o ser; da paisagem somente os longes, numa cor unida.

O esforço de toda a pessoa esclarecida neste mundo deve ser confirmar os Compêndios.

O verdadeiro comércio inspira virtudes próprias: a economia, a boa-fé, a exatidão, a ordem e atividade leal.

Nada facilita mais uma civilização que um bom clima.

Quando uma civilização se abandona toda ao materialismo, e dele tira, como a nossa, todos os seus gozos e todas as suas glórias, tende sempre a julgar as civilizações alheias segundo a abundância ou a escassez do progresso material, industrial e sumptuário.

A complicada abundância da nossa civilização material, as nossas máquinas, os nossos telefones, a nossa luz eléctrica, tem-nos tornado intoleravelmente pedantes: estamos prontos a declarar desprezível uma raça, desde que ela não sabe fabricar pianos de Erard; e se há algures um povo que não possua como nós o talento de compor óperas cómicas consideramo-lo ipso facto votado para sempre à escravidão…

Não há nada tão ilusório como a extensão de uma celebridade; parece às vezes que uma reputação chega até aos confins de um reino – quando na realidade ela escassamente passa das últimas casas de um bairro.

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