Frases Filosóficas

Na remansosa paz da rústica fazenda, à luz quente do sol e à fria luz do luar, vive, como a expiar uma culpa tremenda, o engenho de madeira a gemer e a chorar.

Ringe e range, rouquenha, a rígida moenda; E ringindo e rangendo, a cana a triturar parece que tem alma, adivinha e desvenda a ruina, a dor, o mal que vai, talvez, causar…

Movida pelos bois tardos e sonolentos geme, como a exprimir, em doridos lamentos, que as desgraças por vir, sabe-as todas de cor.

Ai! Dos teus tristes ais! Ai! Moenda arrependida! — Álcool! para esquecer os tormentos da vida e cavar, sabe Deus, um tormento maior!

Passou de leve a Esperança pelo meu coração… Encantou-me no azul do meu sonho de criança: Ardeu como uma estrela… E era um pobre balão!

Doudo, sonho que o Sol é a maior das aranhas, –Tarântula do Azul – a ígnea teia da Vida

Tecendo caprichosa, a arrancar das entranhas rubros fios de sangue e de luz difundida.

Urde os fios e os prende, elo por elo, à urdida rede transluminosa, a alongar as estranhas antenas de ouro de fogo, e com a trama tecida estende véus iriais para além das montanhas…

Passou de leve a Alegria pelo meu coração… O Amor, dentro em meu ser, como um jardim, floria… Como é triste, meu Deus, esta recordação!

Passou de leve a Ventura pelo meu coração…

Como foi que passou, se a busco com loucura, sentindo-me infeliz por deseja-la em vão?

Noites de junho… O caboré com frio, ao luar, sobre o arvoredo, piando, piando…

E, ao o vento, as folhas lívidas cantando a saudade imortal de um sol de estio.

Saudade! Asa de dor do pensamento! Gemidos vãos de canaviais ao vento…

As mortalhas de névoa sobre a serra…

Saudade! O Parnaíba – velho monge

As barbas brancas alongando… E, ao longe, o mugido dos bois da minha terra…

A divisa imortal de cavaleiro traço em campo negro. E, após, visto a armadura de aço. Preme a cota, a luzir, o meu peito desnudo.

O elmo à cabeça, a espada à cinta, a lança ao braço, desço ao pátio e cavalgo o meu corcel sanhudo, e ele, a resfolegar, indiferente a tudo, rasga, como um fuzil, a escuridão do espaço.

Levo a lira no arção. Impassível e forte, no solar do Não Ser, ante o perfil da Morte, cantarei a balada augusta e soberana

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