Frases Gerais

O escritor é um neurótico, e escrever é provavelmente a única forma que tem de exprimir os seus afetos, e de neles ser retribuído. É complexo, porque é misturado com uma grande dose de narcisismo.

A gente não pode compreender os sentimentos sem o contrário deles.

O grande artista traz uma forma diferente de colorir.

É muito curioso como em todas as coisas há vida. Esta oferece, constantemente, materiais maravilhosos que na maior parte das vezes um escritor não utiliza. Isso acontece porque todos nós esquecemos de olhar. Escrever é não se esquecer de olhar.

Escrever é escutar com mais força. As vozes começam a falar e só tens de traduzir. A escrita, se olhares bem para ela, é um delírio organizado.

O que é a realidade? Quantas realidades há? Ninguém sabe responder a essa questão. Vives ou sonhas, por exemplo, como Caldéron de la Barca, que sustentava que a vida não é nada mais do que um sonho. Essas são questões muito difíceis porque não tenho resposta. Só tenho perguntas.

Escrever é muito difícil, é uma coisa impossível, nunca vais conseguir escrever o que queres. De derrota em derrota, mas podem ser gloriosas derrotas. Não há nenhum segredo, só trabalho.

A nossa vida de adulto não é mais do que a infância fermentada.

A luta com as palavras, a luta para fabricar um universo vivo, um livro, é a única chance que temos de ficarmos grávidos. E depois queremos todos ter filhos perfeitos e lindos que nos prolonguem a vida.

Nunca tive o coração à direita, mas nunca falei de política. Ainda fui candidato pelo Partido Comunista. Foi uma coisa ingénua da minha parte. Os políticos são repugnantes, de uma maneira geral.

Tive a sorte de ter amigos muito bons. O meu avô dizia, um homem pode não ter dinheiro, mulher, trabalho. Se tiver amigos não é pobre.

Não sou uma pessoa muito alegre. Sou introvertido. Fechado. Cheio de dúvidas. Não me é fácil viver comigo. Parece que estou sempre em guerra civil.

Desde que me lembro, desde os 4 ou 5 anos, o que me interessava era escrever. Às vezes tinha um jantar marcado com uma rapariga e acabava por ficar a escrever. Sentia-me culpado quando não escrevia, muito culpado. Depois, parece que os livros foram aparecendo em contínuo.

Quanto mais silêncio houver num livro, melhor ele é. Porque nos permite escrever o livro melhor, como leitor.

Apaixonas-te porque vais para o outro corpo como uma bola na praia. Os mecanismos mentais são tão inconscientes que nos movimentamos e vivemos por pulsões. Todas as coisas são arbitrárias.

Aprende-se a escrever, lendo. E é necessária uma grande humildade face ao material da escrita. É a mão que escreve. A nossa mão é mais inteligente do que nós. Não é o autor que tem de ser inteligente, é a obra. O autor não escreve tão bem quanto os livros.

Eu não sinto prazer em escrever – sinto prazer, sim, na leitura. Mas se não escrever sinto-me pior, não sei, começo a fica impaciente.

Toda a invenção e memória. (…) Quem nos arranja os materiais é a memória. As tais coisas de que a gente não fala e aparecem nos livros, de maneiras desviadas.

Antes da «Memória de Elefante» escrevi muitos livros, tive foi o bom senso de os deixar na gaveta. É um livro de principiante. O primeiro de que não me envergonho é a «Explicação dos Pássaros».

Nós temos medo do que queremos. Vivemos todos em Corroios, não temos palhaços de louça nas prateleiras, temos dentro da cabeça.

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