Há momentos e situações em que o olhar comunica mais que as palavras, isso também é intimidade. Creio que sou capaz de dizer muitas cosas sem falar, é o outro que também tem de compreender e de saber interpretar. Quando se estabelece essa relação de intimidade e de amizade, não é necessário falar. (…) Frequentemente é melhor não o fazer porque as palavras estão muito gastas.
Frases Gerais
A melhor maneira de lidar com os outros é tomá-los por aquilo que eles acham que são e deixá-los em paz.
Toda a discussão reduz-se a dar ao adversário a cor de um tolo ou a figura de um canalha.
Uma coisa é o amor, outra é a relação. Não sei se, quando duas pessoas estão na cama, não estarão, de facto, quatro: as duas que estão mais as duas que um e outro imaginam.
É preciso viver, viver como homem comum entre homens comuns. Só um homem comum pode fazer grandes coisas.
Nós somos casas muito grandes, muito compridas. É como se morássemos apenas num quarto ou dois. Às vezes, por medo ou cegueira, não abrimos as nossas portas.
No amor podemos substituir uma pessoa por outra, mas não na amizade, porque cada amigo tem o seu lugar e não podemos substitui-lo.
Cada vez gosto mais de ser português e cada vez tenho mais orgulho no meu país. É-me insuportável ouvir dizer «somos um país pequeno e periférico». Para mim Portugal é central e muito grande.
São precisas muitas mulheres para esquecer uma mulher inteligente.
A cultura assusta muito. É uma coisa apavorante para os ditadores. Um povo que lê nunca será um povo de escravos.
Eu gosto desta terra. Nós somos feios, pequenos, estúpidos, mas eu gosto disto.
Como leitor, o que eu gosto é de ler e dizer, bolas, é exatamente isto que eu sinto e não era capaz de exprimir. Quando um livro me ensina a explicitar emoções que eu sinto, esse é um livro bom.
Não há ninguém que eu odeie, acho que dá muito trabalho odiar. Há é pessoas que me são indiferentes.
Há duas coisas que certas pessoas não suportam: uma é o êxito alheio e outra a inovação, a mudança. Há, por um lado, uma reação de agrado e de adesão do público e por outro lado uma reação de desagrado que tem a ver com o ciúme, a inveja e a competição.
Desconfio, visceralmente, dos políticos e dos militares. O desejo de servir os outros será assim tão puro? Vejo a forma como lutam pelo poder, quase histérica. Nunca estão perto de nós, servimos para votar e, nos intervalos, com extrema arrogância, falam em nosso nome.
Percebo muito bem que os emigrantes só pensem em regressar, mesmo que seja para fazer casas de azulejo: há um charme lento neste país que é irresistível.
Um escritor é, por natureza, um carenciado de afeto.
Neuroses e psicoses, temos todos. Quando a gente fala em esquizofrenia, temos todos. Somos todos psicóticos. O Freud chamou a atenção para isso, e atualmente está assente que não há ninguém que não seja neurótico e psicótico. Em todos nós existem esses núcleos.
A vida das pessoas move-se por desafios constantes. Aqui há tempos estive a ler uma autobiografia do Graham Greene, em que ele dizia não compreender como é que as pessoas que não escreviam escapavam à melancolia. A escrita é um maravilhoso substituto da depressão.
Os livros permitiram-me conhecer pessoas melhores do que nós. Que têm um calibre humano que eu não tenho.