Que lindo luar!… as noites encantadoras são a cópia fiel da minha vida… o amor no meio das trevas.
Frases para Pensar
A inocência, surpreendida em aparências criminosas, condena-se quase sempre por uma espécie de mudez idiota, semelhante à do crime sem defesa.
Onde estão vinte pessoas reunidas em pregão ao insulto do infortúnio, aí sem dúvida estão acobertados vinte crimes. Do elo da libertinagem ao elo da ladroeira preencham a cadeia com os fuzis que faltam.
É preciso ter chorado para imortalizar o riso no livro, na estrofe, na sentença, na palavra.
A própria libertinagem, sopitada nos seus letargos de estafada devassidade, tem sonhos melancólicos, saudades das impecáveis alegrias da infância.
A infância é como a água que desce da bica, e nunca mais sobe.
Dívidas de amor só as paga o amor, o amor silencioso, o amor cuja linguagem balbuciam os anjos, o amor, que faz seu ninho nas fibras íntimas do seio, e aí morre, quando o peso de uma pedra fria lhe esmaga o santo asilo. (…) É esse amor que impele o homem; todos os cálculos da cabeça abortam, não vingam, se os não sanciona o beneplácito da força motriz, que roda os eixos desta máquina quebradiça, chamada vida.
Um casamento entre duas pessoas, habituadas a não proverem com o trabalho às suas precisões, é uma desgraça.
O infortúnio ilumina o entendimento. Para o que sofreu não ha mistérios de dor no coração do estranho.
Um verdadeiro amigo não é o hóspede que recebemos em nossa casa, que nos sentamos à nossa mesa, e agasalhamos nos nossos lençois. O verdadeiro amigo é o confidente que recebemos no coração. Estes são muito raros. Ao acaso podemos deparar-nos com um: ao passo que nos esforçamos inutilmente se o procuramos. Um tal amigo, ao menos para mim, há-de ter sofrido muito, há-de ter perdoado todas as afrontas, há-de ter bebido um cálice de fel, sem gemer uma queixa.
Os homens da nossa laia têm às vezes a chave de grandes segredos. Se não temos uma alta inteligência, compensou-nos a natureza com um braço forte. Às vezes aprecia-se mais um punhal num braço popular, que um grande pensamento na cabeça de um doutor em física.
Desconfio sempre das paixões que fazem estilo. Acho que a pequenez do amor está na razão inversa da grandeza das palavras.
A mulher não tem valor determinado como uma pérola. Abstrata como os espíritos, espiritual como os anjos, não há teólogo, nem matemático, que a defina pelo dogma, ou a calcule pelas operações infalíveis. Sabe-se que vale muito; mas não é ela que o sabe. Sabem-no aqueles que sofreram por ela, embora as flores do triunfo pendam murchas na sua coroa de martírio.
A verdade é expansiva; a mentira retrai-se, esconde-se até aos olhos dos depravados.
Ser tolo é má coisa; ser mal é coisa pior; mas quem não puder livrar-se de ser ao mesmo tempo tolo e mal, seja antes mau. Os tiros do ódio podem ferir; mas assanham os brios, e dão azo à vitória; porém os tiros do escárnio matam sempre.
Nos livros aprendi a fugir ao mal sem o experimentar.
Lágrimas e sorrisos são a condição da vida.
O homem que ama apaixonadamente, não cura de saber o valor que os outros dão à mulher que ama.
O amor verdadeiro, o amor sem emboscadas, a perfeição do amor. (…) Mas além da perfeição está o fastio: não lera esta verdade eterna proferida por uma mulher: «O amor só vive pelo sofrimento; cessa com a felicidade; porque o amor feliz é a perfeição dos mais belos sonhos, e tudo que é perfeito, ou aperfeiçoado, toca o seu fim.».
Há uma espécie de insensibilidade que, a meu juízo, é o existir intermédio da demência e da morte.