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A mulher mais digna de nós é aquela que melhor serve as nossas propensões, quer viva na cripta subterrânea das vestais, quer se ostente de seios nus no estrado do alcouce.

As últimas nódoas são sempre as primeiras.

É tão natural destruir o que não se pode possuir, negar o que não se compreende, insultar o que se inveja.

O coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.

A mulher que nasceu boa do coração e cresceu com as suas ilusões inocentes, quando o homem lhe aparece por detrás dos seus sonhos, exala, como a flor de abril, os perfumes da sua candura, abre-se ao sol do amor com todo o viço da sua generosa afeição, e, como a flor de abril, morre na manhã dos seus amores, queimada por um raio desse sol que lhe fecundara no seio a esperança florida dos afetos puros.

Naquele singelo sorrir estava uma dessas grandes paixões, que dão assunto para trinta páginas. Não é de hoje esta espécie de taquigrafia amorosa aplicada, nos olhos e no sorriso, à revelação de imensas sensações. Quanto mais longe de nós, mais afinado o sentimento, menos astuciosa a linguagem, e mais necessária a expressão muda nos olhos baixos, ou nos castos sorrisos de uma donzela do século passado.

Os últimos clarões da minha razão mostraram-me que a fortuna e a desgraça são eventualidades que não tem sanção no céu nem no inferno. Todas as religiões são mentirosas, todas as misérias vêm do acaso, e não há juiz que abençoe ou condene, fora do homem. Tirai-lhe a consciência, e o homem dará um abraço nas feras, e irá com elas devorar o animal seu semelhante.

O amor de um homem é um incenso que desce para o chão, quando o ídolo é de barro.

O que posso vaticinar-lhe é que a mulher das suas primeiras afeições há-de salvá-lo ou perdê-lo. Há-de fazê-lo recuar à inocência dos seus primeiros anos, ao suave perfume dos seus desejos imaculados, ou, de um lance de olhos, mostrar-lhe todas as torpezas, e, de um só impulso, atirá-lo a todos os abismos.

Já vês que o casamento é um contrato político, civil, económico, e higiénico até certo ponto. Enquanto gostei da minha mulher, gostei; depois que a vi muitas vezes sempre com a mesma cara, com a mesma cintura, e com a mesma mão e pé, que me fizeram endoidecer de entusiasmo, desejei que ela tivesse uma grande mão, um pé inglês, uma cara saloia, e uma cintura mais larga que as espáduas. Como a estátua não se transfigurava, detestei-a… não digo bem… não a detestei como um belo traste dos meus aposentos, mas sim como excrescência matrimonial à minha vida. (…) A mulher com quem se casa é de todas as mulheres aquela com quem menos se casa.

Se ela tivesse dito torrentes de eloquência, amava-a naturalmente pelo espírito. Como não disse nada, amava-a pelo silêncio. O coração do homem é como o paladar dos pobres: tudo lhes sabe a comer.

Tenho sido muito curioso em reparar na maneira como se vestem alguns homens, que pretendem distinguir-se na sociedade, seja pelo que for. Tive sempre para mim que a primeira condição de um homem banal, e sinceramente tolo, é o cuidado com que ele compõe a gola do seu casaco, de modo que não discrepe uma linha do talhe que o alfaiate lhe deu. Ha aí muita frivolidade nesse espírito, que se considera tanto mais sublime, quanto pode manter-se direito entre os colarinhos da camisa, e verticalmente equilibrado entre as duas asas do laço da sua gravata.

Há dores silenciosas, que nos incutem respeito, quando o que as sofre nós não pede compaixão para elas.

As lágrimas são o continuado viver de algumas vidas, e, se não fossem relevadas uma a uma, a biografia dessas existências seria monótona, e fria. Até para as lagrimas é preciso o método…

As saudades que de ti me angustiavam aniquilaram-me o espírito e o corpo. Estou doente; nem o punho pode menear uma pena, que te retrate o que é martírio incomportável no coração do homem, que com lagrimas te escrevera. (…) Se não queres que a morte despedace estes vínculos sagrados, vem como o anjo da vida sentar-te à cabeceira do moribundo.

Eu sou escravo do coração: é este que me fala em nome de um anjo, e me promete uma felicidade, que nem eu sei concebê-la… é um sonho o teu amor.

O homem morre a primeira vez quando perde o entusiasmo.

A alegria só pode brotar de entre as pessoas que se sentem iguais.

O remorso é uma impotência, ele voltará a cometer o mesmo pecado. Apenas o arrependimento é uma força que põe termo a tudo.

O amor é a poesia dos sentidos. Ou é sublime, ou não existe. Quando existe, existe para sempre e vai crescendo dia a dia.

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