– Está bem-disse ele, ressentido. – Mas nunca na história da calma alguém se acalmou por alguém lhe ordenar calma.
Frases Sobre a Vida
É um poder inexpugnável, o da memória. – E do amor.
Na experiência humana não há unidade, tudo são esforços inéditos; só que muito frequentemente o fracasso os torna iguais entre si.
Quem faz a História de um país pertence-lhe para sempre, não pode ser repudiado por ele, não pode ser chamado um estranho.
A essência das coisas não está na filosofia, nem na política, nem em qualquer função intelectual. Está na reciprocidade do inconsciente que não encadeia só o que é humano, mas até o que é apenas vegetal ou inerte.
Quando alguém se entrega ao ofício de ensinar, com uma fé conspícua e soberana, acreditem que a desilusão vive nele, como as ondinas num lago, como no elemento que as criou.
As mais belas civilizações tiveram um rápido declínio, exatamente porque elas foram demasiadas longe na dissimulação.
O ser civilizado é uma aberração. É perverso.
Animais – eles são a medida da nossa paz com o mundo criado; eles são um dado de consolação porque não mudam para como quem tanto muda como nós, humanos.
O maior sedentário é o nómada. É ele quem passa a vida à procura de uma casa.
Quando um homem acredita na história que conta, quem a leia corre o risco de acreditar também.
No dia em que eu deixar de comover-me com um homem que ama a sua mulher e come sardinhas em lata e isso basta-lhe, não terei mais por onde ir – que venha a negra da gadanha e, por misericórdia, me ponha a salvo da miséria.
Um homem que não sabe nada sobre o seu pai nunca saberá nada sobre si próprio, nem esse conhecimento alguma vez lhe fará falta.
Um homem passional, tão igualmente dado à destemperança súbita como a atos de irredutível nobreza.
O problema deste tempo (…) é o Bem reduzir-se tantas vezes à categoria de efeito colateral do Mal.
Quando uma pessoa quer muito acreditar numa coisa, é fácil reunir provas da sua existência.
Às vezes ocorria-lhe aquele poema de Pessoa em que um homem se punha à janela da sua meninice apenas para descobrir que nem ele era já o mesmo homem, nem a janela a mesma janela. A infância, dizia a si próprio, havia-se tornado um bem de demasiado valor. Não podia dar-se ao luxo de concluir que também ela era mentira.
Não havia elegância como a da mulher em cujos silêncios se podia desvendar o mundo, dos pequenos mistérios ao próprio segredo da Criação.
A condescendência, com o que tinha de indiferença e de mentira, era a grande inimiga da intimidade. A verdade podia fazer muita mossa. Estava longe de ser um valor absoluto. Mas, se ruía a intimidade, restava o quê? Sustinha-se de pé o quê? Sustinha-nos de pé o quê?
Era um homem com um problema momentâneo de autoestima e que tinha um cão que tratava como a uma pessoa. O mundo estava cheio de homens assim, pelo que não seria mais um a perturbar o equilíbrio cósmico.