O que distingue um adulto de um jovem é o sentimento de culpa.
Frases de Joel Neto
Amor é sempre amor e é um milagre.
Às vezes penso que, quanto às mulheres, escapa-me sempre qualquer coisa. Algo de assustador e cativante. Falo com uma mulher e sinto-me a mergulhar no desconhecido. Dá-me ideia de que com a maior das facilidades poderiam destruir o homem diante delas. E, no entanto, é tão maior o rasto de destruição deixado atrás de nós.
Quando um homem acredita na história que conta, quem a leia corre o risco de acreditar também.
De resto, e tanto quanto lhe parecia, a literatura era aquilo que convidava o leitor a escrever também. Um corpo vivo, metamorfoseaste, que já não podia ser agora o que fora há cinco minutos. Muito mais daquilo que se conta, a literatura estava naquilo que não se conta, e só um escritor saberia exatamente o que não contar.
Apesar de haver mais silêncio, não faltam tarefas mundanas quando se vive numa casa de campo. Perde-se tempo com coisas que não acontecem num apartamento da cidade. As coisas deterioram-se, há animais, o jardim cresce. São menores as solicitações sociais, os compromissos de networking e das capelinhas intelectuais literárias e jornalísticas. Passei a ter uma rotina fixa, acordo muito cedo, trabalho muitas horas e o tempo livre é aproveitado de maneira mais útil.
Viver no campo tornou-me uma pessoa muito menos cínica e sombria do que resulta manter-me distante de um determinado modo de pensar instituído. Não é necessariamente um olhar do campo, é o debate com a possibilidade de um outro tipo de inteligência e de abordagem literária da existência humana só possível num cenário deste género.
Cada autor tem os seus objetos literários e os meus sempre foram aqueles que estão à minha volta e os da memória. Ter voltado para o local onde estão as grandes referências e reencontrar-me com elas, e ao mesmo tempo sentir o despertar de emoções que estavam adormecidas, permite-me um diagnóstico diferencial quando em confronto com os factos sobre o que entretanto se tinha bestializado.
Não padeço da comichãozinha do dia que domina o discurso da comunicação social e das redes sociais, que coloca toda a gente indignada da mesma maneira. Nem sinto necessidade de fazer parte de um único olhar do mundo. Sinto-me mais livre.
E Hansi sentiu pesar por ele, porque a amargura e a compaixão se esgrimiam no seu interior, e nem sempre a compaixão levava a melhor.
Há muita gente a escrever igual no universo da lusofonia porque as pessoas frequentam os mesmos lugares e submetem-se a códigos de linguagem e de pensamento iguais – são pastiches umas das outras. Viver longe dá-me um olhar mais assertivo sobre o mundo.
– Está bem-disse ele, ressentido. – Mas nunca na história da calma alguém se acalmou por alguém lhe ordenar calma.
É um poder inexpugnável, o da memória. – E do amor.
Quando um homem acredita na história que conta, quem a leia corre o risco de acreditar também.
No dia em que eu deixar de comover-me com um homem que ama a sua mulher e come sardinhas em lata e isso basta-lhe, não terei mais por onde ir – que venha a negra da gadanha e, por misericórdia, me ponha a salvo da miséria.
O maior sedentário é o nómada. É ele quem passa a vida à procura de uma casa.
Um homem que não sabe nada sobre o seu pai nunca saberá nada sobre si próprio, nem esse conhecimento alguma vez lhe fará falta.
Um homem passional, tão igualmente dado à destemperança súbita como a atos de irredutível nobreza.
O problema deste tempo (…) é o Bem reduzir-se tantas vezes à categoria de efeito colateral do Mal.
Quando uma pessoa quer muito acreditar numa coisa, é fácil reunir provas da sua existência.