Uma gaiola saiu à procura de um pássaro.
Frases Gerais
É perfeitamente concebível que o esplendor da vida, na sua plenitude, fique sempre à espera à volta de cada um de nós, mas encoberto à vista, bem lá no fundo, invisível, longínquo. Mas está lá, não hostil, não relutante, não surdo. Se o chamarmos com a palavra certa, pelo nome certo, ele vem. Esta é a essência da magia, que não cria, mas chama.
Sinto de vez em quando uma infelicidade que quase me deslumbra, e ao mesmo tempo estou convencido da sua necessidade e da existência de um alvo em direção ao qual nos encaminhamos ao suportar toda a espécie de infelicidade.
O medo da loucura. Ver a loucura em todas as emoções que se esforçam sempre para a frente e que nos fazem esquecer de tudo o resto. Que é, então, a não loucura? A não loucura é ficar parado, de pé, como um mendigo à soleira da porta, ficar ao lado da entrada, apodrecer e cair.
Com a mais forte das luzes pode-se dissolver o mundo. Diante de olhos fracos, ele torna-se sólido, de olhos mais fracos, ele ganha punhos, de outros mais fracos ainda, ele fica envergonhado e esmaga quem ousa fitá-lo.
Mente-se o menos possível só quando se mente o menos possível e não quando se tem a menor oportunidade possível para mentir.
Se quiserem, era sábio, porque estava preparado para morrer em qualquer altura, mas não por ter tomado conta de tudo que me tinha sido entregue, mas antes por não ter feito nada com isso, e nem podia sequer esperar fazer algum dia o que quer que fosse.
Pela última vez, psicologia!
Não sou capaz de ver bem o meu caminho. Como se tudo o que eu possuía me tivesse escapado, e como se nada me satisfizesse se por acaso tudo voltasse.
A maneira boa, forte, com que o judaísmo separa as coisas. Há lá lugar para uma pessoa. A pessoa vê-se melhor, a pessoa julga-se melhor.
As gralhas afirmam que basta uma para destruir o céu. Não há dúvida quanto a isso, mas não prova nada contra o céu, pois os céus significam justamente: impossibilidade de gralhas.
Sempre com mais medo ao escrever. É incompreensível. Cada palavra torcida nas mãos dos espíritos – este torcer de mãos é o seu gesto característico – torna-se numa lança que se volta contra o orador. Muito especialmente uma observação como esta. E assim «ad infinitum». A única consolação seria: acontece quer gostes quer não. E o que gostas não serve de nada. Mais do que consolação: também tu tens armas.
Então abre-te. Deixa sair o ser humano. Respira o ar e o silêncio.
Podes conter-te diante dos sofrimentos do mundo – é algo que tens liberdade de fazer e corresponde à tua natureza, mas talvez seja esse autocontrole o único sofrimento que poderias evitar.
Há questões que não poderíamos superar se não estivéssemos livres delas pela nossa própria natureza.
Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós.
O caminho verdadeiro passa por uma corda que não está estendida no alto, mas sim sobre o chão. Parece disposta mais para fazer tropeçar do que para que cada um siga o seu rumo.
Apenas se deveriam ler os livros que nos picam e que nos mordem. Se o livro que lemos não nos desperta como um murro no crânio, para quê lê-lo?
O que é a riqueza? Para um, uma velha camisa já é riqueza. Outro é pobre com dez milhões. A riqueza é algo completamente relativo e insatisfatório. No fundo, não passa de uma situação peculiar.
Não se deve prejudicar ninguém, nem mesmo o mundo, para alcançares uma vitória.