Percebo muito bem que os emigrantes só pensem em regressar, mesmo que seja para fazer casas de azulejo: há um charme lento neste país que é irresistível.
Frases para Refletir
Um escritor é, por natureza, um carenciado de afeto.
A vida das pessoas move-se por desafios constantes. Aqui há tempos estive a ler uma autobiografia do Graham Greene, em que ele dizia não compreender como é que as pessoas que não escreviam escapavam à melancolia. A escrita é um maravilhoso substituto da depressão.
Neuroses e psicoses, temos todos. Quando a gente fala em esquizofrenia, temos todos. Somos todos psicóticos. O Freud chamou a atenção para isso, e atualmente está assente que não há ninguém que não seja neurótico e psicótico. Em todos nós existem esses núcleos.
Os livros permitiram-me conhecer pessoas melhores do que nós. Que têm um calibre humano que eu não tenho.
O livro é um organismo que vive independente e surpreende-nos a cada passo. Um livro não se faz com ideias, faz-se com palavras. São as palavras que se geram umas às outras. E com trabalho.
É verdade que não pode haver alegria sem tristeza, prazer sem dor. É só quando dói um dente que avaliamos o prazer de nos sentirmos bem, não é? Se a gente não compreende essa antinomia, acaba por haver uma cristalização burocrática das emoções e dos sentimentos.
Há uma parte subterrânea nas obras de arte impossível de explicar. Como no amor. Esse mistério é, talvez seja, a própria essência do ato criador. A gente não sabe…
Realmente, toda a nossa vida é uma luta e uma fuga constante à depressão e ao receio da morte, não é? E ao mecanismo que nós arranjamos para nos defendermos disso. Se a gente esgravata um bocadinho em nós próprios ou nos outros, é aquilo que acaba por encontrar, o enorme receio da solidão, do abandono (que é aquilo que as pessoas suportam pior) e da morte.
A loucura é qualquer coisa que existe em todos nós, é mais um receio que uma realidade. No fundo, o que é enlouquecer? É sair de uma determinada norma, não é? É preciso muita coragem para se ser realmente louco.
Tenho uma certa desconfiança em relação à palavra pensar. Quando se está a escrever, podemos pensar enquanto indivíduo. mas enquanto escritor… Sempre me fez confusão as pessoas que dizem: «tenho um livro na cabeça só me falta escrever».
A felicidade não passa por nada disso, pelo sucesso, pela celebridade, pela fama. Passa por uma paz interior que eu ainda não encontrei.
Não há honestidades possíveis. Ou há honestidade ou não há.
As relações não são necessariamente falhadas, nós é que as falhamos. E depois os outros têm inveja do amor. (…) Não são nada solidários conosco quando somos felizes. As pessoas têm imensa inveja da felicidade dos outros.
Um parvo em pé vai mais longe que um intelectual sentado.
O problema dos partidos (políticos) é que se tornam reacionários porque têm de funcionar com o aparelho, como qualquer igreja.
Quando se crítica, estamos a julgar. Se julgarmos já não compreendemos, porque julgar implica condenar ou absolver.
Eu penso que aquilo que faz com que nós continuemos vivos e capazes de criar é isso mesmo, uma inquietação constante. Sem ela não pode haver criação, quem não põe, sempre, tudo em causa, arrisca-se a ter uma vida interior de três assoalhadas.
Os fins-de-semana são horríveis para os casamentos. Em Portugal resolveram o problema com um jornal enorme, que vem em saco plástico.
Ninguém é bom ou mau na cama. Se há um problema sexual, é outra coisa, mas senão há problemas concretos, basta que se gosta muito de uma mulher; se isso acontece, ela é a melhor na cama.