O amor dos animais contém muito da desaprovação pelos seres humanos e é próprio dum melindroso estado de revolta que não encontrou a sua linguagem.

Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia

Para quê alcançar os astros!? Para quê!? Para os desfolhar, por exemplo, como grandes flores de luz! Vê-los, vê-os toda a gente. De que serve então ser poeta se se é igual à outra gente toda, ao rebanho?

Sempre com mais medo ao escrever. É incompreensível. Cada palavra torcida nas mãos dos espíritos – este torcer de mãos é o seu gesto característico – torna-se numa lança que se volta contra o orador. Muito especialmente uma observação como esta. E assim «ad infinitum». A única consolação seria: acontece quer gostes quer não. E o que gostas não serve de nada. Mais do que consolação: também tu tens armas.

Uma mulher apaixonada alimenta de pedaços suculentos de vazio o que sente: basta um sorriso, uma palavra menos agressiva, um simples carinho, para tudo voltar a fazer sentido e o amor ser perfeito – perfeito: um amor perfeito para uma mulher completamente apaixonada não é mais que uma conta de nada mais nada, que resulta em tudo para ela.

Podemos ser mais espertos do que qualquer outra pessoa, mas não do que todas as outras.

O homem só existe para a sociedade, e a sociedade só o forma para ela.

A gente vive na guerra, a gente luta por paz. A gente pensa que sabe, mas nunca sabe o que faz.

Tinha a face na mão, e a mão no tronco de um fúnebre cipreste, que espalhava melancólica sombra.