Frases Filosóficas

As dívidas serviram, diz-se, a excitar o génio de Dickens e Balzac: não encontrando em mim um génio a excitar, vingam-se da humildade do seu papel torturando-me.

O meu espírito crítico é grosso, só apanha as coisas de enorme relevo.

Ser bacharel – uma qualidade que se exige para tudo, e que se não respeita para coisa nenhuma.

As datas, e só elas, dão verdadeira consistência à vida e à sorte. Um bem que nos veio no dia 17 de agosto, que era uma quarta-feira, fica alumiando a nossa alma com uma claridade muito diferente do bem que nos sucedesse, incertamente, no tempo, sem dia e sem data.

Eu tenho a paixão de ser «leccionado»: e basta darem-me a entender o bom caminho para eu me atirar a ele. Mas a crítica, ou o que em Portugal se chama a crítica, conserva sobre mim um silêncio desdenhoso.

É necessário acutilar o mundo oficial, o mundo sentimental, o mundo literário, o mundo agrícola, o mundo supersticioso – e com todo o respeito pelas instituições que são de origem eterna, destruir «as falsas interpretações e falsas realizações» que lhes dá uma sociedade podre. Não lhe parece você que um tal trabalho é justo?

Com a mania francesa e burguesa de reduzir todas as regiões e todas as raças ao mesmo tipo de civilização, o mundo ia tornar-se numa monotonia abominável. Dentro em breve um touriste faria enormes sacrifícios, despesas sem fim, para ir a Tumbuctu – para quê? Para encontrar lá pretos de chapéu alto, a ler o Jornal dos Debates.

Porque, enfim, o que é o Brasileiro? É simplesmente a expansão do Português.

Dados para a minha biografia – não lhes sei dar. Eu não tenho história, sou como a República do Vale de Andorra.

As duas qualidades mais preciosas em Arte, que mais raramente se reúnem: Realidade e Poesia.

Com o longo volver dos tempos, os nobres génios que fizeram vibrar mais fortemente a alma do seu tempo, passam pouco a pouco a ser apenas – o estudo dos comentadores.

Um homem de letras, que não escreve as suas memórias, tem realmente direito a que outros lhes não escrevam.

A melhor prosa, a mais perfeita, a mais lúcida, a mais lógica, a que tem sido a grande educadora literária e tem civilizado o mundo, é feita com meia dúzia de vocábulos que se podem contar pelos dedos.

A caricatura é o espelho que engrossa as feições e torna os objetos mais salientes.

É algumas vezes necessário, para fazer compreender uma certa relação, que se encham os termos da proporção. Muitas vezes é impossível ser compreendido por todos sem a condição de exagerar, de deformar, de desproporcionar.

Em todas as evoluções da arte, nós (portugueses) nunca aproveitamos com os princípios, e ficamos sempre com os maneirismos.

O sentimento mais artificial posto num verso maravilhosamente feito é uma obra de arte: o mais verdadeiro grito de paixão num alexandrino desajeitado é uma sensaboria. Só há Beleza onde há Ordem.

Não, positivamente não há nada neste mundo «worth to live for» senão um cantinho de fogão doméstico, muito Amor junto dele, e muita Arte em torno, para tornar a vida interessante, poética e distinta. Possa Deus, na sua infinita bondade, permitir que seja esse o nosso Destino. Arte e Amor – com A grande! Eles merecem-no; são as duas expressões supremas da vida, completam-se um pelo outro, e fora deles tudo é nada!

Nos amores deste mundo, desde Eva, há sempre «um que ama e outro que se deixa amar».

«Love me little, love me long». Há muita verdade neste lindo provérbio inglês. O que é violento é perecível. O que é calmo é duradouro. Um amor brusco e irrefletido, e com natureza de chama participaria da essência dessa primeira ilusão de que eu falei há pouco, e estaria condenado, como toda a chama, a consumir-se a si mesmo. É necessário que as coisas cresçam devagar e lentamente — para que durem muito.

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